[Semana Silo] Auto-publicação, pirataria e sucesso

Hoje vamos falar de um papo um pouco mais sério. Chegou a hora de nos aprofundarmos no tema de pirataria, auto-publicação, sucesso editorial e o nosso papel, de leitores, nisso tudo.


Pra quem não está familiarizado com tudo o que está rolando, vale ler o post do primeiro dia e o post do segundo dia, pra se inteirar desse universo GIGANTE chamado Silo! E pra retomar, pra quem não sabe, o autor de Silo, Hugh Howey, auto-publicou o livro, e foi dessa forma que conseguiu o sucesso que tem hoje. Um caso famoso de auto-publicação no Brasil é o da Vanessa Bosso, que faz bastante sucesso atualmente, e o atingiu da mesma forma que o Hugh: através da auto-publicação na Amazon. Ela é autora de 12 livros e publicou-os pela plataforma KDB (Kindle Direct Publishing). Nas primeiras 5 horas em que publicou o seu primeiro livro por lá, "A Aposta", o livro chegou aos mais vendidos. Ela deu uma pequena entrevista, bem breve, pra gente e falou um pouco sobre alguns tópicos bastante polêmicos.

Quando perguntada sobre pirataria na internet, ela respondeu que "Praticamente todas as minhas obras foram pirateadas. A sensação de impotência chega a ser humilhante. Não há o que fazer para combater, infelizmente." Entretanto, precisamos sim de soluções para combater obras pirateadas. Embora aqui caiamos em uma grande discussão sobre a liberdade de acesso de todos à literatura (lembram do "Stop SOPA"?), é natural que, quando um autor escreve um livro, ele não queira obras piratas de seus livros. Isso porque existe um certo sentimento de "furto" quando isso ocorre, porque se você for pensar é isso mesmo: as pessoas estão deixando de pagar por aquilo que consomem e o autor está ficando sem lucro nos livros que foram distribuídos de forma gratuita.

Entretanto, como eu já disse, esse é um ponto bastante delicado e que ainda rende muita discussão. As bases de argumentação são sólidas de ambos os lados, e a gente se sente até perdido nesse meio. Vale pensar que muitas vezes nós boicotamos o próprio mercado no qual tentamos nos inserir. Por exemplo: se você é um leitor ávido, ama a área editorial e um dia pensa em trabalhar no ramo, vai estar se auto-boicotando ao baixar um livro ilegalmente. Um dia vai ser você que vai estar do outro lado, traduzindo, editando, ou porque não escrevendo um livro, e vai saber o quão ruim é quando percebe que todo aquele seu trabalho está sendo distribuído gratuitamente na internet. E você gastou tempo e dinheiro fazendo tudo aquilo, pra uma pessoa ter comprado e distribuído de forma gratuita para outras, que também deveriam ter comprado.

Discussões polêmicas à parte, na entrevista, também falamos sobre leitores que fecham a cara para livros sem editora e nem versão física, e ela nos disse que "O preconceito existe, uma pena." Aqui vale a pena pensar em nós mesmos, que também muitas vezes fechamos a cara para um livro apenas porque foi escrito por um autor brasileiro, ou porque está só em formato de ebook e não possui editora. Se a mudança partir dos leitores, a coisa muda.

Vanessa disse também que "O cenário [editorial brasileiro] está mudando e a demanda aumentando. Esse é um quadro novo e muito promissor para todos nós [autores nacionais]." Temos acompanhado diversos autores nacionais surgindo com o novo boom literário que vivemos no cenário atual brasileiro. E autores bons, com livros bem escritos, histórias intrigantes e bastante bem pensadas. Isso também aumenta o mercado para que mais de nós, leitores, que sonhamos em um dia escrever um livro, comecemos a colocar a mão na massa e tornar o sonho possível.

Sobre o processo de publicação na Amazon, ela disse que é "descomplicado, parece brincadeira de criança", e que "O que realmente importa nessa carreira [de escritor]: paciência, persistência, humildade, foco e um pouco de sorte." Está aí, portanto, um exemplo de como o KDB pode funcionar, sim, na carreira de escritor!

Além disso, existe também o Wattpad, que é uma plataforma de leitura em que você lê livros de graça de autores que são, em sua maioria, estreantes e sem editora. Vários autores começaram suas carreiras por lá, inclusive a Vanessa Bosso. Ela disse que "O Wattpad é um excelente canal de divulgação. Passei alguns meses por lá e o resultado foi incrível."

Com tudo isso colocado, espero que tenha dado pra refletir um pouco sobre alguns tópicos importantes desse mundo novo de publicação de livros da atualidade. Existe muita procura dos leitores, sim, mas não podemos negar que as formas de publicação em editoras e com livro impresso ainda representam um sonho bastante inatingível para alguns autores. Cabe a nós pensarmos em mudanças nesse mercado, em como nós, leitores, podemos mudar a forma de ver algumas coisas, e a forma de ajudar autores bons e promissores a achar o seu lugar ao sol. Se pararmos pra pensar na história do Hugh, que começou sua vida de escritor colocando seu livro a venda na Amazon e hoje está sendo publicado em vários lugares do mundo e inclusive terá um filme de sua obra, podemos ver que é possível.

Não se esqueça de participar do sorteio de um kit de "Silo" valendo botton, camiseta, marcador e um exemplar do livro. É só ir até o post da segunda-feira! Além disso, fique ligado no Facebook e no Twitter do blog, porque sortearemos mais livros e brindes!
Comentários
6 Comentários

6 comentários:

  1. nossa, você sabe que existe a pirataria, mas ouvir a versão de quem sofre e o sentimento é tão forte
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  2. Este realmente é um assunto muito complicado.
    Se por um lado a pirataria é ruim e desonesta para com os autores, muitas vezes atrapalhando-os de continuarem a publicar novas obras...por outro, para os leitores ávidos é praticamente impossível conseguir ler todos os livros que quiser sem ter que recorrer a downloads na net, porque, convenhamos né gente que o Brasil, infelizmente, é um país com os preços de livros muito caros! =/

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  3. acho um grande roubo baixar livros ilegalmente!!!
    como espera que o autor possa se sustentar e assim lançar mais livros se ele não está ganhando absolutamente nada com isso??

    sobre preconceito quanto a e-books, eu não tenho preconceito, apenas não consigo ler em qualquer plataforma que não seja livro físico.
    pc me dispersa facilmente, por ter mil outras coisas para fazer.
    já livro físico eu pego e me concentro total nele, e pra mim tanto faz se é de editora renomada ou se é um livro independente com acabamento simples, o que importa é o conteúdo.

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  4. Essa parada de pirataria é realmente bem polêmica. Acho que quem comete esse crime, no é apenas quem disponibiliza, mas pra quem baixa também. Afinal, se tem alguém que faz, é porquê tem demanda. Eu não tenho preconceito algum com autores brasileiros, ou autores sem editora. Só tenho problemas com E-books, porque fico com dor de cabeça quando passo muito tempo em frente ao computador, ou lendo algo em formato digital. Fora isso, eu leria numa boa.

    @_Dom_Dom

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  5. Realmente a pirataria é um problema grande, não tenho preconceito contra e-book mas prefiro mil vezes o livro físico, senti a textura do papel, o cheirinho de livro novo é muito bom, e também, principalmente quando o livro tem mais de trezentas páginas.

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  6. Eu gosto de muitos autores brasileiros e vejo eles lutando dia-a-dia com divulgação na Amazon, por não conseguirem uma grande editora. É realmente triste, pois tem muita coisa boa.
    Pirataria é muito complicado, desvaloriza a obra do autor, mas às vezes os valores, pelo menos aqui no Brasil, são tão absurdos, que muita gente acaba baixando mesmo. Eu, sinceramente, não gosto de ler nada digital, cansa minha visão e da dor de cabeça, prefiro ter o livro em mãos, poder sentir e tal, mas não serei mentirosa e dizer que nunca baixei, já baixei livros para estudo, até porque na época da escola muitos eram do domínio público que é completamente legalizado e porque ia ler só para prova. Mas os livros que eu leio porque eu quero, é extremamente prazeroso esperar a entrega, o livro chegar, poder ver na estante, com folhas amarelas, porque ninguém merece a cegueira que é ler livros de páginas brancas.

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