Guerra Mundial Z - Max Brooks

Eu detesto roteiros. Uma pena, mas, infelizmente, é verdade. E eu queria mesmo conhecer a história original de Romeu e Julieta, ou qualquer outra história fantástica escrita para o teatro, porém não consigo. Gosto muito da narração, da beleza com que personagens são descritos, como suas decisões e ações são tomadas. Para mim isso tudo é muito importante, é o que me faz ser apaixonada por livros. Mas por que estou dizendo isso antes de começar a resenha? Eu só queria explicar porque um livro bom foi de uma leitura tão penosa para mim... Espero que vocês não tenham essa mesma limitação ;)

 
Após o fim oficial (fim oficial, não necessariamente o fim de verdade...) da Guerra Mundial Z, um pesquisador foi designado para entrevistar pessoas e descobrir tudo o que aconteceu de verdade, a fim de obter melhores informações caso um novo surto de zumbis aconteça. Ou seja, uma forma de preparar a geração futura, informando-lhes da verdade, para que os mesmos erros não sejam cometidos, e os acertos sejam melhorados. Porém o relatório final apresentado pelo Pesquisador (vou chamá-lo assim, pois seu nome não é revelado. Não por questões confidenciais, nada disso, apenas não é revelado) não era bem o que a chefe dele queria. Ela alegou que o relatório era íntimo demais, emocional demais, e que, portanto, não poderia ser algo “oficial”.

(...) Apresentei este argumento, talvez menos profissionalmente do que era adequado, a minha “chefe”, que depois de minha última exclamação de “não podemos deixar essas histórias morrerem”, respondeu imediatamente com “Não morrerão. Escreva um livro. Você ainda tem todas as anotações e é legalmente livre para usá-las. Quem vai impedi-lo de manter essas histórias vivas nas páginas de seu próprio livro?”

Seguindo uma linha cronológica, o Pesquisador relata entrevistas que fez com diversas pessoas, de diversos países, de diversas culturas. Dentre elas está o doutor que examinou o “paciente zero”, um cretino que ganhou dinheiro vendendo uma vacina que não era nada mais do que placebo, e pessoas que fugiram sem ter informações o suficiente de como sobreviver. Mas, principalmente, a primeira metade do livro explica porque a situação fugiu tanto do controle quando os governos tinham informações sobre o que fazer assim que os primeiros casos começaram a surgir.

(...) De repente entendi do que meu pai tentava me alertar, o que os israelenses tentavam alertar ao resto do mundo! O que eu não conseguia entender era por que o resto do mundo não dava ouvidos.

O livro inteiro, mesmo sendo escrito, basicamente, com curtas perguntas e longas respostas, é de uma emoção crua e intensa. Todas as pessoas, ao relatar o que viram e ouviram, também deixam transpassar como se sentiram naquele momento, ou o que se abateu sobre elas com toda a situação. Desde uma jovem soldada que teve que matar o próprio colega até uma criança que precisou alimentar os pais e a ela mesma com carne humana, para que pudessem sobreviver. A raiva contra o governo, por não terem tomado medidas necessárias no início, e o olhos fechados da sociedade por não acreditarem que aquilo (pessoas morrendo e se levantando para comer outras pessoas) estava realmente acontecendo. Como elas sobreviveram? Como lutaram contra a morte e a loucura?

Escrito em diversos relatos, o livro é dividido também em capítulos, mostrando desde os primeiros surtos, o Grande Pânico, o que o governo fez para tentar salvar a humanidade e como o mundo se (re)estabeleceu depois do apocalipse. Já para quem assistiu ao filme, esqueça-o. A solução que encontraram contra os zumbis lá não foi a mesma que encontraram no livro. Não mesmo. Em comparação, o filme tem quase um final feliz. Então, quem for ler o livro, esteja preparado, pois todos os relatos são reais e chocantes demais. Não há nada pintado para amenizar a situação, nada para dizer “foi melhor assim”.

Porém, mesmo sendo apenas uma estória, não deixa de ser impressionante. Afinal, Max Brooks não deixou passar nenhum detalhe, nenhum. Não há “falhas”, ou buracos históricos, ou “oh, ele esqueceu de dizer o que aconteceria se...”, não, não há isso. Talvez seja o que torne tudo isso tão real, quase palpável. Os detalhes cru(éi)s que são dados ao livro. É uma leitura diferenciada, e eu recomendo para quem gosta de entrar numa fantasia (não tão fantasiosa) sombria.
Comentários
7 Comentários

7 comentários:

  1. parece interessante, mas confesso que não me chamou a atenção!
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  2. Sou doida por histórias com zumbis, amei o filme e fiquei bastante interessada em ler o livro!

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  3. Também não me chama atenção, tanto que até hj não vi o filme. Acho histórias com zumbis um pouco clichê.

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  4. Eu adoro um filme de zumbi..mas em livro não funciona muito comigo rs,
    eu tenho o livro, mas não cheguei a ler e o filme eu assisti e achei muito bom, pelo menos os efeitos rsrs.
    beijos.

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  5. Olá, Ceile! Quanto tempo!
    Primeiramente, que saudades de te ler.
    Segundo: confesso que, apesar de ter me deparado com ele uma porção de vezes - e gostar bastante de zumbis desde a infância (herança de crescer jogando Resident Evil), esse nunca foi um livro que me instigou a curiosidade, até agora. Então, certamente tentarei encaixá-lo em minha fila de próximas leituras.

    Obrigado pela dica - e resenha maravilhosa!
    Assim me despeço, com a promessa de voltar.
    E como há braços, abraços!
    Caleb Henrique - Viajante Literário

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  6. Não vi o filme, por falta de oportunidade ainda, mas um dia assistirei.
    O livro parece interessante. Não do tipo "preciso ler", mas deve ser ótimo e com boa dose de terror e realismo.

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  7. Não faz muito meu estilo, pois não sou fã de zumbis!
    Valeu a dica
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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