Beta - Rachel Cohn

"Nos humanos, o que está dentro é algo que não pode ser visto – a alma. Aqui essa é a diferença fundamental entre vocês e suas Matrizes. Vocês não têm alma."



Demesne é uma ilha alojada nos mares equatoriais e que serve como uma espécie de “spa” ou “refúgio” para a classe alta. A ilha é rodeada pelo mar artificial Io, que possui águas violetas e borbulhantes, além de ser ocupada por um grande número de clones adultos, criados apenas para serem empregados dos humanos. Cada clone tem sua função determinada e esta é identificada pela tatuagem facial que recebem assim que são fabricados. Nenhum clone exerce a função de outro, pois tudo o que sabem está inserido no seu chip de programação.

Elysia também é um clone, mas é uma Beta. Clones adolescentes não eram criados por serem considerados imprevisíveis e com temperamentos explosivos. Por essa razão,  Elysia tem sido considerada a melhor criação da ilha, respondendo positivamente todas as expectativas e logo é posta à venda. Por sua beleza e excelente forma física, a Beta de 16 anos é comprada pela esposa do governador de Demesne para substituir a filha mais velha que fora estudar no continente. Desse modo, Elysia se vê prestes a descobrir se a vida humana é ou não a maravilha que sua programação a faz acreditar.

Beta foi uma grande descoberta e, nessa minha fase de leituras distópicas, simplesmente me apaixonei pelo livro. Muito embora o tema não tenha tanta originalidade, há uma riqueza incrível de criações inéditas e que a autora desenvolveu apenas para esta série. Desde canções, flores, veículos, mares, drogas e etc. Um fator que me agradou bastante é a narrativa em primeira pessoa, que nos dá a oportunidade de adentrar à mente de uma personagem que é um clone, que nunca teve contato com os mais diversos ambientes, sensações e sentimentos humanos. Faz-nos enxergar de um ponto de vista muito curioso, afinal ela não pensa como como nós. Ou pensa?

Outro detalhe é que, apesar de nossa tecnologia não estar tão avançada quanto a do livro, é fato que clones já foram/estão sendo produzidos. Não humanos, é verdade, mas o que os faz pensar que num futuro próximo isso não vai acontecer, hum? Talvez não estejamos mais por aqui, mas com certeza nossos filhos e netos estarão e, POXA, como eu queria ver isso acontecer. HAHAHAHA Esse foi, pra mim, um daqueles livros que dá uma tristeza quando vai chegando ao fim, mas ao mesmo tempo fica tão bom que você quer devorar e ele ainda é capaz de te deixar: WHAT? PARA O MUNDO QUE EU QUERO DESCER. Não só pela escrita leve e fluida da autora, mas também pela forma como a história foi desenvolvida, pela curiosidade, por personagens intrigantes e misteriosos... Sabe?

O texto é cheio de críticas sociais e, de certo modo, reflete a vida de muitos adolescentes ricos e com alienação parental. Além disso, é explicito o retrato da futilidade. Imagine só você ir à uma loja apenas para comprar um clone para alegrar seus dias. Lá lá lá lá lá... Sou ryca e phyna, então eu poooosso! Oi? Já mencionei a parte que para criar um clone é preciso que sua matriz MORRA? Não, né?  Diferente da realidade, onde se copia um outro ser e o mesmo permanece vivinho da silva, neste livro a matriz tem sua alma extirpada do corpo (e mandada sabe-se lá pra onde) e a pessoa simplesmente deixa de existir. É uma morte bem cruel.

A parte mais eletrizante é que nem tudo é perfeito e, lóoooogico, tem que sair alguma coisa defeituosa nessa história, hein? E é aí que surgem os revolucionários anti clones e os clones defeituosos. Todos querem liberdade e as pobres criaturas sem alma (ou com?) vão lutar com a própria vida para fazer justiça. Ui! Beta é cheio de reviravoltas, romance, tragédia, ação e muito suspense. O segundo volume da série estava previsto para esse mês e espero que esse lançamento saia conforme o combinado, pois assim a espera de que ele chegue logo ao Brasil pode ser suportável. Hehehe

Super recomendo a leitura para os fãs de distopia e para aqueles que desejam se aventurar pelas águas violáceas do mar de Io. Façam as malas e embarquem para uma aventura paradisíaca em Demesne.


Comentários
8 Comentários

8 comentários:

  1. Oi Sabrina!
    Eu adoro livros de distopia e só por isso esse é um livro desejado!
    Curto essas histórias de clones também... Lembra um pouco o filme "A Ilha", que curti bastante.
    Ótima resenha ;)

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  2. apesar de uma capa legal, não me atraiu
    não curto muito distopia!
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  3. Olá!

    Então, me lembrou daquele filme da ilha esse livro, também fiz algumas relações com o livro A Hospedeira. Não sei se me atraiu. Mas alguns livros só começando a ler pra ver se gosto, então quem sabe. rsrs Mas gostei muito da sua resenha!

    Abraços, Andreza ;D
    http://vidaempix.blogspot.com.br/

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  4. Oi :)
    Fiquei muito curiosa. Amo distopias e nunca li nada sobre clones então fiquei muito curiosa.
    Beijinhos
    www.fofocas-literarias.blogspot.pt

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  5. Eu adoro distopia e estou curiosa por esse livro já faz tempo, porém infelizmente os preços da ID são um pouco altos e o meu orçamento não me permite comprar..rsrs

    bjs
    Tais
    http://www.leitorafashion.com.br

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  6. Parece mesmo A ilha, mas acho legal debater essa história de clones, que hoje parece impossível para humanos (afinal eles clonaram uma ovelha, dolly), mas que de repente será comum nos próximos anos. Quais serão os prós e os contras???

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  7. Não sou muito fã de distopias, mas essa sem duvida me conquistou pela sua resenha!! Amei demais essa história de cópias, e as pessoas simplesmente comprarem esses seres que não tem (ou tem) alma... Mais doido ainda é pensar que a pessoa tem que morrer pra poderem criar uma cópia... Por que?! Fiquei super intrigada com essa história, e com certeza entra pra minha lista de livros pra comprar...
    Kisses =*

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  8. Como você mesmo disse: originalidade não é o ponto forte desse livro. Ele logo me remeteu ao clássico Admirável Mundo Novo, e tem elementos de várias outras distopias, mas tudo bem, quem gosta do gênero com certeza não irá se importar com isso.

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