Escola Noturna: O Legado - C. J. Daugherty

Um mês após o terrível ataque à Academia Cimmeria, Allie está de volta à escola. Mesmo com dificuldades para encarar o que outrora fora um cenário de terror, ela reúne forças para ajudar na reforma e tentar esquecer o pesadelo pelo qual passou e que poderia ter resultado em sua morte prematura. Entretanto, com o início das aulas e o receio de um novo ataque, uma equipe especializada em segurança é convocada para proteger Cimmeria e, principalmente, Allie.

Diferente do primeiro livro, onde ela tateava no escuro em busca de informações, a jovem é recrutada para fazer parte da misteriosa Escola Noturna e começa viver de acordo com o que seu legado lhe proporciona. Todavia, nem tudo são flores. Ser neta de uma poderosa mulher e descobrir que sua família era mais importante do que poderia imaginar trazia não só uma grande responsabilidade, mas também muitos perigos, o que fazia dela um alvo ambulante. Não bastasse isso, o irmão desaparecido da garota resolve fazer contato e a força do laço entre eles pode se tornar, também, uma grande ameaça.

O Legado tem o mesmo ritmo de escrita do primeiro livro; é instigante, viciante e flui incrivelmente rápido. É uma leitura bastante prazerosa e, desta vez, bem mais eletrizante. Há muito mais ação e adrenalina e o fato de Allie saber com o que esta lidando deixa as coisas muito mais interessantes. Porém, ainda há certa dose de mistério e temos que ler alguns capítulos para fazer novas descobertas. Ou seja, a autora não entrega nada de bandeja.

O que nos deixa com a pulga atrás da orelha durante a leitura inteira é sabermos que existe um traidor, mas não sabemos quem é. Eu já tenho a minha teoria. Geralmente eu acerto, mas vamos ver... Não me importaria de errar, pois isso significaria que a autora soube lindamente esconder o ouro e confundir o leitor, de modo que nos surpreenderíamos com quem, de fato, é o infiltrado misterioso que anda passando informações para Nathaniel.

Embora, na história, o intervalo de tempo entre os acontecimentos entre livro um e dois seja de apenas um mês, gostei da forma como a autora conduziu a protagonista. É notável a maturidade que ela adquiriu e percebemos isso tanto nas falas, quanto nas atitudes dela. Claro, ela ainda é uma adolescente e continua cometendo erros, mas vemos uma grande diferença entre a menina revoltada e marrenta que chegou à Academia contra sua vontade e a nova Allie que se sente mais em casa na Cimmeria do que na sua própria residência. Eu considerei isso um grande salto. Hahaha

Assim, como no anterior, o romance também não é o foco da trama, mas tem seu papel. Achei que encontraria mais romantismo, mas o enredo não pede muito isso e achei aceitável durante o desenrolar da história. O que me irritou, mas não muito, foi o clichê triangulo amoroso... Aff! Allie teve alguns deslizes, agindo de forma meio idiota em certos momentos, mas relevei. Quem me surpreendeu, na verdade, foi Carter. O garoto tem muita coisa escondida na manga e creio que todos os seus segredos devem vir à tona no próximo livro, pois a autora foi bem discreta nesse.

Outra surpresa foi o fato da autora matar um personagem que considerava muito improvável e, confesso, fiquei de queixo caído. Claro, a morte sempre é dramática e chocante, mas eu realmente não esperava que isso aconteceria com a personagem “X”. Espero que ela não resolva matar mais alguém. Sério. Fico bem chateada com esses autores que nos fazer ter grande empatia com certos personagens e depois os arrancam da história e despedaçam nossos corações. É muita maldade, não acham? Bom, super recomendo a leitura e minha dica é que você leia um livro seguido do outro.

Encontrei alguns erros na revisão/tradução que deixaram certas frases sem sentido. Não é nada extraordinário, mas fica uma interpretação confusa. Também achei incômodo os diálogos narrados no passado não serem em itálico, algumas passagens eu li e reli para me dar conta de que eram lembranças e não o presente. Fora esses "detalhes" esporádicos, o restante da leitura é bem tranquilo.

P.S: Abaixo vou colocar as capas das duas edições que a Suma de Letras deu aos livros e, se você ainda não leu a resenha do primeiro, clique aqui.

Capa Antiga


O Bairro da Cripta - As Elegias - Marcos R. Terci

Um livro de terror escrito em uma narrativa poética.

O Bairro da Cripta ficava em Tebraria, e tanto a cidade quanto o Bairro eram considerados sinistros (talvez aquele em virtude deste). Muitas coisas aconteciam no “mal-afamado lugar”, com o surgimento (ou talvez sempre existissem?) de diversas criaturas sobrenaturais e aterrorizantes.

Composto por diversos contos, o livro conta várias histórias de terror — algumas verdadeiramente aterrorizantes — através de uma narrativa poética, desenhada, disposta a envolver o leitor e tragá-lo para dentro desse mundo sobrenatural.

"Nunca compreenderei, em todo ou demasiadamente, a complexa vontade de um fantasma. Cartas vêm e cartas vão de sítios incertos, de remetentes desconhecidos que cá não mais existem. Tornam-se parte de uma consciência uma e rotineira, agrilhoada a lembranças de outrora, à matéria e aos caprichos e desejos daqueles que sonham estar vivos."

A escrita poética é um ponto alto do livro, trazendo algo diferente para os contos de terror. Infelizmente, o livro não me atraiu como deveria. Talvez pelo gênero, que nunca havia lido (acredito que, neste caso, “Formaturas Infernais” não contam), mas, acredito, principalmente pelo fato de estar distribuído em contos, e não por ser um romance completo. Talvez, se estivesse relacionado em um romance, iria me atrair mais. Sim, é verdade que alguns contos (senão, todos), estão entrelaçados de alguma forma, no entanto, não atiçou minha curiosidade para chegar logo ao final do livro.

O livro é composto por inúmeros personagens do terror, antes já escritos ou simplesmente novos. Para um verdadeiro amante desse gênero, tenho certeza de que agradará, principalmente pela narrativa poética. O fato de se passar no Brasil e de que a história se identifica bastante como “brasileira” pode atrair aqueles que gostam de valorizar a nossa cultura.

[Resenha+Promo] Brutal - Luke Delaney

"Ele sempre ria das cenas de crime da TV, com dezenas de viaturas e as luzes azuis rodopiando. No interior do prédio, dezenas de detetives e peritos se atropelando. A realidade era diferente. Inteiramente diferente. O mais perturbador das verdadeiras cenas de crime era o silêncio – a morte violenta da vítima deixava a atmosfera abalada e brutalizada."

Sean Corrigan não é um detetive como os outros. Após viver uma infância de abusos e violência, ele criou uma espécie de “sexto sentido” ou (dizem os mais céticos) um olhar apurado para identificar a escuridão na alma de algumas pessoas; um lado negro que ele reconhece em si mesmo e luta todos os dias para conter. Com uma impressionante carreira no Departamento de Investigação de Homicídios de South London, um casamento dos sonhos e duas lindas filhas, tudo o que ele quer é ver os loucos psicopatas atrás das grades.

Entretanto, ao ser chamado para investigar a morte de um jovem covardemente assassinado, Corrigan se vê envolvido no maior desafio de sua carreira: perseguir um psicopata que muda de métodos a cada crime, sem deixar pistas nem um padrão que permita prever seus próximos passos. A única coisa que o detetive possui é o seu instinto indicando que a série de homicídios que se espalha por Londres é obra de uma única pessoa.

Brutal é um livro espetacular! Não consigo juntar palavras suficientes para descrever como a leitura foi. Ao mesmo tempo em que ficava maravilhada com a escrita apurada e detalhada do autor, tinha acessos de pavor. Cheguei a ter sonhos conturbados e até interrompi a leitura por uns dias. Você pode achar que estou exagerando, eu entendo, mas costumo ter uma mente muito ativa enquanto leio, criando os cenários, dando voz aos interlocutores e sentindo a tensão na qual a cena foi desenvolvida.

Sou muito fã de thrillers e romances policiais, inclusive de séries tipo CSI e NCIS, apesar de não acompanhar fielmente os episódios e temporadas. Portanto, associando a leitura ao que costumo/costumava assistir, minha mente trabalha sem parar construindo e ambientando tudo. Então, logo nas primeiras páginas eu já soube que teria um grande enredo pela frente. A experiência de campo do autor foi imprescindível para dar veracidade a história e criar personagens absolutamente críveis e, além disso, faz com que tenhamos um envolvimento emocional muito maior. É impossível não se abalar/revoltar.

Outra grande sacada foi a alternância de locutor. Quando é narrado em terceira pessoa, mostra amplamente a investigação e nos deixa a par das decisões e suspeitas do detetive Sean que, mesmo tendo sido vítima de um passado escuro e profundamente abominável, tornou-se uma pessoa capaz de afugentar seus próprios demônios e controlar sua fúria, usando sua infância despedaçada para descobrir pistas que os outros policiais não conseguiam enxergar. Podia compreender e interpretar as motivações dos assassinos e estupradores, como se pudesse farejar os rastros das emoções que exalavam. Poder, repulsa, culpa, medo, desejo... Sua imaginação fazia com as cenas ganhassem vida e virassem um filme dentro de sua cabeça.

Quando narrado em primeira pessoa, vemos pelos olhos do assassino. Um homem com sérios distúrbios psicológicos e uma visão deturpada de sua existência. Ele trama friamente cada morte como se estivesse planejando o que comeria no jantar, ou o que vestiria quando fosse sair de casa no dia seguinte. A morte não o assusta. Ele é calculista, desequilibrado, impiedoso e brutal. Um ser completamente desprezível e que me assusta só de pensar que existem pessoas como ele a solta por aí.

"Se vocês fossem sequer capazes de entender a beleza e a clareza do que estou fazendo. Vocês precisam deixar de lado as regras da natureza e escolher viver segundo outras leis. Moralidade. Moderação. Tolerância. Eu não. Costumo me distrair escolhendo um passageiro ao acaso, imaginando como seria arrancar seus olhos e cortar sua garganta depois. O fedor de todos esses possíveis objetos é muito estimulante para aminha imaginação. (...) Eu o esfaqueei. Ele tentava falar. As pessoas sempre querem saber o por quê. Então cochichei em seu ouvido. Seria a última coisa que ele iria ouvir: - Porque eu preciso."

O ritmo da escrita é uma constante, sendo intrigante e surpreendente do início ao fim. O autor, que usa um pseudônimo, soube explorar com maestria o uso da ciência forense e estruturou diálogos sólidos e com grande fluidez. Os crimes são, em sua maioria, hediondos e dão aquele frio na espinha cada vez que tento imaginar. É brutal (sem trocadilhos). Se você gosta de trhillers, esse não pode faltar na sua estante. Super recomendo, mas se você é fraco e não aguentava cenas pesadas, cheias de tortura e violência, não leia, ok? Essa leitura é completamente insana. Não tem outra palavra. O título do livro não poderia ser mais apropriado.

Sorteio do livro
Em parceria com o selo Fábrica231 da Editora Rocco, vamos sortear um exemplar do livro Brutal de Luke Delaney. Para participar, basta preencher o Rafflecopter abaixo - a primeira entrada é livre e, para mais chances, cumpra as demais tarefas. Boa sorte!

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