5 romances que li em 2016 e amei

Eu não tô entendendo um pouco direito o que aconteceu, porque em 2016 foi o ano que eu menos quis ler romances, mas os livros que mais amei foram romances???

Uma herança de amor - Lycia Barros

A história é sobre Amanda, uma jovem de 23 anos que fora criada pela avó materna e o pouco que sabe sobre a mãe é o suficiente para sentir raiva e não querer qualquer tipo de contato. Quando sua avó morre, ela deixa um testamento pedindo que a garota passe 30 dias no interior na casa da mãe antes de pegar sua herança. Muito a contragosto, ela atende ao pedido, e a mágoa parece se tornar ainda maior quando encontra a mãe vivendo bem com uma nova família em uma linda casa. Nem ela sabia o que esperar desse tempo no interior, mas é ali que ela vai encontrar as respostas para suas dúvidas, a cura para as angústias que há muito a acompanham e novos motivos para seguir em frente.

Eu já tinha tentado ler este livro antes, mas o máximo que cheguei foi na página 18. Definitivamente, não era o momento. Em 2016 do nada, resolvi ler de novo aquelas mesmas páginas e eu só larguei o livro quando terminei! Me identifiquei absurdamente com a história e, você como leitor assíduo vai me entender, este livro falou muito comigo. A escrita da autora é muito fluída e o enredo funcionou muito para mim, todo o desenvolvimento muito crível e verossímil, além da mensagem sobre segundas chances, perdão e recomeços. A autora é reconhecida por tratar de temas cristãos nos seus livros e aqui ela soube colocar o assunto sem ser impositivo, mas sim como ensinamento, a forma linda de Deus trabalhar.

O amor nos tempos do ouro - Marina Carvalho

O livro conta a história de Cécile, uma garota franco-portuguesa que acabou de perder a família e é trazida ao Brasil pelo seu tio Euzébio, único parente vivo. Ela está vindo para se casar com um poderoso, mas asqueroso, fazendeiro e quem é encarregado de levá-la do Rio de Janeiro para Minas Gerais é Fernão - um rude explorador que provoca nela sentimentos conflitantes. Cabe a ela ter coragem de mudar seu destino, mas qual a chance com seus caminhos cercados?  

Este livro me fez floodar a timeline do twitter ano passado tamanha surpresa que me causou. Eu já tinha lido outros livros da Marina anteriormente e ficara decepcionada em algum momento, o que me deixou com as expectativas bem baixas para O amor nos tempos do ouro. Imagina quando fui me deparando com a riqueza deste enredo, com a fluidez e naturalidade que tudo se desenvolve e com tamanha profundidade... Meu queixo caiu. Não foi só o melhor comparado aos outros dela, foi o ótimo mesmo de modo isolado. É uma aula de história de um período do Brasil fantasiado de romance - e que romance arrebatador! Tem resenha completa aqui e, sério, vale muito a leitura.

A fúria e a aurora - Renée Adieh

A cada amanhecer, uma garota é morta no palácio de Khalid. Disposta a vingar a morte da melhor amiga, Sherazade arma um plano para colocar fim nesta atrocidade que se tornou tradição do califa. Todas as noites, ela o seduz contando histórias que garantem sua sobrevivência até o dia seguinte. Mas co o passar do tempo, ela vai desvendando segredos e se vê dividida entre levar o plano adiante ou se deixar levar pelos sentimentos que começam a surgir por aquele que ela tanto deveria odiar.
 
Tem coisa melhor do que ser inserido numa cultura totalmente diferente, se adaptar ao ambiente e esquecer do mundo real? Esta história parece mágica e o poder das palavras da autora mostra o quanto somos reféns de uma história bem contada: nos apaixonamos pelo que seria vilão e torcemos contra o que seria mocinho. Apesar do final abrupto, é impossível não se ver imersa nesta história, angustiada por cada cena seguinte e desejando loucamente a continuação. A história é realmente encantadora e muito sedutora, as páginas voam tamanha sede para desvendar tantos mistérios.

Simplesmente acontece - Cecelia Ahern


Rose e Alex são amigos desde a infância, mas ao terminarem o ensino médio, Alex se muda para os Estados Unidos onde vai cursar a faculdade e Rose fica na Irlanda. Ambos fizeram planos para o futuro já tão próximo, mas um acontecimento muda completamente a vida deles, mais especificamente de Rose. Eles mantêm contato por email, cartas e mensagens, mas cada um acaba tomando caminhos diferentes. A questão é que o destino não tinha desistido de aproximar mais os dois.

Amei, porque eu sou mei que a Rose e a vida é bem isso mesmo: tentativas. Li, porque precisava ler algo da Cecelia e, apesar desse ser o mais indicado, queria algo inédito e eu já tinha assistido ao filme. Acontece que onde que eu ia, levava este livro e a cada chance, lia uma carta ou um email. Quis marcar várias frases, mas me controlei e marquei apenas algumas. Em muitos momentos quis abraçar a Rose, enquanto em outros queria brigar com ela... De qualquer forma, não consegui ficar indiferente à história. É fato que se a comunicação fosse clara e objetiva, o livro nem existiria, mas tal qual a vida real, complicamos o que pode ser bem simples, né?

Te ver de novo - Larissa Siriani


Como seria reencontrar um ex-namorado com quem você dividiu tantas coisas? Rafaela e Cadu se encontraram quase 5 anos depois de um fim bem conturbado e é impossível controlar os sentimentos quando se tem que encarar um passado tão cheio de erros, mas com tanto amor envolvido.

Bem, esse aqui não é um livro, é um conto, mas foi uma leitura que me marcou muito, tamanha a intensidade. Pensa num negócio bem escrito, com tudo muito palpável, com sentimentos que pareciam sair das páginas pra afetar bastante meu emocional e me deixar na bad. Claro que me emocionei, queria mais, mas algumas histórias precisam (e têm) aquele fim. Te ver de novo fala de carência, rancor, amadurecimento e a necessidade de seguir em frente. Indico para quando você precisa de uma leitura rápida, mas que mexa com seu psicológico e te faça chorar pensando em alguma coisa mal resolvida que deixou por aí.

Mini-opiniões: O diário secreto de Laura Palmer - Jennifer Lynch


Aqui vai o relato de uma poser que nunca assistiu Twin Peaks, mas que não aguentou de curiosidade quando a amiga (beijo, Ju) falou que tinha começado este livro na livraria e as páginas voavam. Aí ela deu uma breve sinopse e eu fiquei doida para saber logo o que esta garota contava de tão obscuro. Ah, um fato: as páginas voaram comigo também.

A história que eu fiquei sabendo de Laura Palmer é a que vou contar a seguir, mas já adianto que não há como fazer uma sinopse assim só lendo o livro, porque ele é um verdadeiro diário, sem uma narração preocupada em situar o leitor. Pois bem: Laura sempre foi considerada uma garota encantadora e certinha, mas um dia seu corpo é encontrado no lago envolto num plástico e o assassinato começa a ser investigado, até que encontram o segundo diário dela - já que o primeiro continha apenas as histórias que afirmavam suas qualidades de mocinha exemplar - recheado de revelações envolvendo seus medos, perturbações, abuso, sexo e drogas.

O diário secreto de Laura Palmer surge então como um material extra para os fãs da série (o que comparo a ter acesso ao livro Uma aflição imperial, o favorito de Hazel Grace em A culpa é das estrelas), mas abate também quem, assim como eu, não acompanhou a febre dos anos 1990. É curioso e muito instigante ver a transformação da jovem garota - tudo começa com uma curiosidade, depois acompanhamos seu desenvolvimento, sua transgressão no mundo das drogas, o envolvimento em orgias, além dos momentos que não sabemos se tratar de alucinações ou abuso físico, mas fato é que a história gruda, a curiosidade pelas páginas arrancadas é de fazer roer as unhas e o final é abrupto, sem resposta. Apesar da tensão para descobrir o que houve, o mistério é muito bem sustentado e é preciso lembrar que se trata de um recorte da história, um objeto (fundamental) de cena da série. Acho a personagem comparável a Christiane F., se isso pode te situar um pouco mais.

P.S. o livro foi lançado originalmente em 1991, mas ganhou uma nova edição em 2016, com a confirmação da terceira temporada da série 25 anos depois da exibição do último episódio.

Trilogia Silo - Hugh Howey

Eu conheci a trilogia Silo durante a Turnê Intrínseca que teve no meu estado, Espírito Santo. Lembro que naquela época, em torno de 2013, havia um boom de distopias e eu gostava de lê-las . Algumas eram muito mais do mesmo: jovens improváveis lutando contra o sistema que lançava suas garras sobre suas vidas.

Trilogia Silo, Hugh Howey

Mas de vez em quando, um autor aparecia e conseguia me surpreender de forma tão grande que eu não consiguia me contentar em falar pouco sobre o que eu senti e gostei durante a leitura.
Este é o caso de Silo.

O que é o silo? 

O silo de Hugh Howey, autor best-seller da Amazon, é uma estrutura subterrânea de 144 andares, dividido em várias seções como a Mecânica. Nos níveis mais baixos, ela cuida da manutenção de tudo o que faz o lugar funcionar. A TI, por sua vez, como devem imaginar, cuida da Tecnologia de Informação. O alimento é plantado em fazendas hidropônicas e a lei se faz cumprida através de delegacia e de um xerife. Para ter um filho, é preciso esperar que alguém morra e ser sorteado na loteria. No futuro, o mundo que conhecemos está devastado e tóxico e a única visão que os habitantes do silo tem provém de câmeras instaladas em seu exterior. Mesmo após centenas de anos, essa imagem somente é visível porque pessoas condenadas são enviadas para fora a fim de limpar as lentes das câmeras antes de sucumbirem à morte como vários outros antes delas.

Por que as pessoas, mesmo sabendo que estão condenadas à morte, limpam as lentes dos sensores que mostram o devastado mundo exterior quando saem do silo?

Silo, livro um

No primeiro livro, acompanhamos a jornada de Juliette, uma mecânica, convidada a ocupar uma vaga importante aberta nos níveis superiores. Após um acordo entre Jahns e Marnes, atual prefeita do silo e o delegado, um atentado desencadeia uma sucessão de acontecimentos que mostrarão algumas verdades e facetas escondidas sob a terra.

Silo é aquele livro que a história começa bem e só vai melhorando. Somos surpreendidos a todo instante e quando achamos que não seremos mais, Hugh lança uma nova informação ou narra um novo acontecimento que nos faz querer chegar logo ao final.

Ordem, livro dois

Para quem gosta de um bom romance regado a intrigas políticas, Ordem é um prato cheio. Logo no começo é possível ver o terreno que Hugh Howey prepara para conduzir o leitor ao longo do livro.

É o ano de 2049, e tudo o que o deputado Donald Keene quer é fazer a diferença. Recém eleito, ele deixou para trás sua carreira de arquiteto para se dedicar integralmente à política. O que ele não esperava é que o senador Thurman, quando o chama para uma conversa ultra secreta, recrutaria dele seus conhecimentos acadêmicos para a elaboração do maior plano que o mundo jamais viu. Donald é recrutado para elaborar o projeto de um prédio subterrâneo cilíndrico, com vários níveis, para o caso de alguma catástrofe ocorrer e as pessoas poderem sobreviver. No entanto, aquele projeto inicial começa a passar por várias mudanças e Donald se vê envolvido em algo além do que poderia imaginar.

Deu para entender que Ordem narra os acontecimentos anteriores à história do primeiro livro, certo? Mas diferentemente de Silo, Ordem também alterna o presente e o futuro. Isso acaba gerando um excesso de informação que pode deixar os leitores confusos em alguns momentos. Eu fiquei um pouco. No entanto, Hugh vai revelando facetas dos personagens que a gente não imagina, fazendo com que redescobrimos as histórias de cada um deles. E, então, começamos entender os motivos que levaram as pessoas a serem colocadas sob a terra.

Legado, livro três

É complicado falar de Legado sem revelar algumas coisas que aconteceram nos outros livros. Portanto, se você ainda não leu Silo e Ordem ou se importa com spoilers, pule para a conclusão. Ou siga lendo por conta e risco.



Legado retoma o ritmo de suspense crescente que temos no primeiro livro. Juliette tem em mãos a grande responsabilidade de tomar conta de um silo e cumprir uma promessa feita. Após sua experiência externa, algumas pessoas começam a duvidar de suas escolhas e ações, o que pode desencadear uma revolução. Enquanto ela tenta passar um dia de cada vez e convencer seu povo do que acredita, em outro silo Charlotte e Donald tentam desvendar o máximo que podem sobre os planos do senador Thurman e sobre o que houve com o mundo lá fora antes que seja tarde demais.

Legado me deixou bem satisfeito. Algumas das ideias que eu pensava sobre o final da trilogia se concretizaram em parte. Houve um ou outro momento que achei pouco necessário ser narrado, porque, estando ali ou não, o enredo não sofreria a interferência deles.

Concluindo

Juliette entra naquele hall de personagens femininas fortes e cativantes. Ela é bem durona, porque ela precisa ser assim para se impor em meio aos homens com quem trabalha na Mecânica. Mas não se enganem pensando que ela é uma mocinha; Juliette é uma mulher de mais de trinta anos, com uma carga emocional intensa.

Hugh criou nesses três livros uma história recheada de personagens marcantes e ideias arriscadas que poderiam não funcionar muito bem se ele não soubesse prender o leitor com uma narrativa instigante e convincente. Ele cria empatia no leitor, até mesmo um certo carinho pelos personagens. Ele me fez gostar de vários apenas para vê-los morrendo poucas páginas depois.

(...) Sabe o que eu digo aos recém-eleitos? Que a verdade virá à tona, ela sempre vem, mas virá mistura com um monte de mentiras.

Fico feliz de ter concluído mais uma trilogia. E sempre acontece quando eu termino, fica a pergunta: o que será que aconteceu depois? Assim como o autor mesmo sugere numa nota ao final, o leitor pode imaginar o futuro como bem quiser. Pois é aí que reside a "mágica" na literatura.

Post por Tiago, do instagram TiLivrando.

P.S. Aqui no blog já tivemos uma semana especial Silo, para ver todos os posts, clique aqui.