Joyland - Stephen King

O último adeus sempre chegava e, quando você via a escuridão se aproximando, se agarrava ao que era alegre e bom. Com todas as forças.


O universitário Devin Jones começa um trabalho temporário no parque Joyland, esperando esquecer a namorada que partiu seu coração. No entanto, é outra garota que acaba mudando seu mundo para sempre; a vítima de um serial killer. Linda Gray foi morta há anos no parque Joyland e, diz a lenda, que seu espírito ainda assombrava o trem fantasma. E não demora muito para que Devin embarque em sua própria investigação tentando juntar as pontas soltas do caso.

O assassino continua à solta, mas o espírito de Linda precisa ser “libertado” e, para isso, Dev conta com a ajuda de Mike, um menino com um dom especial e uma doença grave. O destino dessa criança e a realidade sombria da vida vêm à tona nessa história eletrizante sobre amor e perda, crescer e envelhecer, repleta de mistério e que muitas pessoas sequer tiveram a chance de conhecer, pois a morte chegou cedo demais.

Não posso negar que essa foi, de fato, minha primeira experiência (literária) com King. Já tive a oportunidade de assistir algumas adaptações baseadas em suas obras e, definitivamente, não fazem meu tipo - tanto de leitura, quanto de filme. Porém, o que me interessou em Joyland foi a proposta um pouco diferente do autor. Claro, ainda há seu toque sobrenatural, mas passa bem longe em relação a ser "assustador".

Não é à toa que o chamam de mestre. King tem uma escrita apuradíssima, envolvente, inteligente e conta sua história incrivelmente bem. Joyland é dinâmico até certo ponto: ele não possui capítulos. O que incomodou, de certa maneira. Veja bem, você aguarda aquela pausa necessária por diversas razões, mas ela nunca chega. Há aquelas divisões básicas, cujo os autores colocam sinais gráficos para indicar que AQUELE momento acabou por ali, mas que não é a mesma coisa. Enfim, me incomodou.

O que mais me agradou aqui foi a questão emocional das personagens, a agregação de valores sentimentais viscerais do ser humano, a superação que enfrentamos todos os dias, pois viver é uma luta constate - embora cada um lute num grau de dificuldade diferente. O lado investigativo de Dev também foi um ponto muito positivo, deixando a atmosfera de suspense falar mais alto em alguns momentos. Não achei sombrio. É apenas misterioso. Mesmo gostando da história, no geral, esperava uma revelação MAIS bombástica no final e fiquei um pouco frustrada. 

A narração também é um pouco interessante, mesmo sendo em primeira pessoa, de vez em quando a sensação é de que Dev não é o único locutor (mas é). Ele é quem decide por onde começar, que partes cortar e quando vai terminar. Ou seja, o livro já se inicia com o próprio Dav contando sua história.

O ano de 1973 foi o do embargo do petróleo da Opep, o ano em que Richard Nixon anunciou que não era um criminoso, o ano em que os atores Edward G. Robinson e Noel Coward morreram. Foi o ano perdido de Devin Jones. Eu era um virgem de vinte e um anos com  aspirações literárias. Tinha três calças jeans, quatro cuecas, um Ford velho (com rádio bom), pensamentos suicidas eventuais e um coração partido. Que fofo, hein?

Não diria que foi uma leitura extraordinária, mas foi surpreendente e bastante prazerosa. Indico o livro, principalmente, pra quem ainda não leu nada do King (como eu), pois posso garantir que não tem nada que nos tire o sono, como nas várias obras do mestre do terror. Hahaha! O próximo livro que lerei dele será Sob a Redoma, que só estou aguardando chegar. E, claro, já sabendo que não tem nada a ver com a série (exceto a redoma). Hehe!

Então, gente, comprem seus bilhetes e embarquem nessa aventura em Joyland.

Beijão.