Nimona - Noelle Stevenson


"Nimona é uma jovem metamorfa com certa tendência à vilania. Lorde Ballister Coração-Negro é um vilão com sede de vingança. Juntos, eles vão tentar provar para todo o reino que Sir Ouropelvis e seus companheiros da Instituição de Heroísmo & Manutenção da Ordem não são os heróis que todos pensam. Vai haver muitas explosões. E tubarões também. E de singelos planos malignos surgirá uma batalha sem precedentes. Coração-Negro vai perceber que os poderes de Nimona são tão sombrios e misteriosos quanto o passado dela. E o lado imprevisível da comparsa talvez seja mais perigoso do que ele está disposto a admitir."

me perdoe pela qualidade desta imagem e não desiste de mim bjs bjs
Eu lia muito gibi quando criança, mas depois de virar gente grande, não me aventurei mais por histórias neste formato. Eu confesso que cheguei a achar que teria dificuldade em encarar mais de 250 páginas da mesma história em quadrinhos, mas acabei surpreendida. Eu, que nunca havia lido uma graphic novel, me vi devorando Nimona em pouquíssimas horas. Que delícia e surpresa me ver presa na história desta metamorfa doida para colocar em prática suas ideias maléficas.


A história tem momentos muito engraçados (sim, engraçados de verdade, de rir fisicamente, sabe?), momentos fofos, de surpresas e também de angústia. Fiquei com uma dorzinha no coração em algumas passagens, torcendo para as coisas serem revertidas e tudo ficar bem. Nimona tem todo um girl power, deixando claro que ela é muito mais que uma menininha indefesa, que ela pode ser tanto a garotinha abandonada quanto o monstro que destrói tudo. Lorde Ballister, por sua vez, tem seus momentos fraternais, fugindo do rótulo de vilão maléfico e mostrando outro lado que as pessoas não enxergam justamente porque ele precisa ser o vilão mal que precisa ser detido pelo herói, Sir Ouropelvis - mais um personagem que surpreende pela sua dualidade. Aliás, adorei a ideia de desmitificar rótulos e mostrar todos os lados da história.


É incrível como a história é envolvente, de forma que fiquei imersa nas páginas, totalmente dentro daquele reino, como se estivesse em um filme de animação. Como eu falei, esta foi minha primeira experiência com uma graphic novel e agora já quero procurar outras, porque a experiência foi absolutamente positiva. Apesar do final conclusivo, não deixo de desejar outras histórias com toda a irreverência dos personagens determinados a desmascarar instituições, solucionar mistérios, bolar teorias e planos ultrassecretos.

Eu sou totalmente leiga para avaliar traços, cores e tudo que envolve as ilustrações, mas fica aqui meu total contentamento com a obra. Posso dizer que é tudo lindo e vívido, a edição está linda e vale cada minutinho de leitura.

Pax - Sara Pennypacker

Peter, o menino, e Pax, a raposa, são melhores amigos. Resgatado na estrada ainda bebê, Pax só conhece o mundo em que vive - a casa do menino. Peter perdeu a mãe precocemente e vive com seu pai, que não é lá dos mais afetuosos, criando no garoto uma vontade de jamais ser como ele. Menino e raposa se conhecem como ninguém, tem seus próprios códigos e uma comunicação silenciosa. São realmente inseparáveis. Até que, pela guerra iminente, Peter é obrigado pelo seu pai a abandonar Pax numa estrada bem longe da sua casa. Seu pai teria que servir na guerra, enquanto ele teria que morar com o avô que jamais aceitaria o animal em casa.  

Não suportando a dor de ficar longe de Pax e tomado pela culpa por ter traído seu companheiro, Peter decide que vai buscar sua raposa. Sozinho, com alguns objetos na mochila, Peter começa sua caminhada de dias. Ele não sabe exatamente onde seu pai parou o carro aquele dia, mas tem uma ideia e vendo o lugar, certamente reconhecerá. Pax, do outro lado, se vê sozinho num imenso mundo selvagem que ele não fazia ideia existir. Com a certeza que seu menino logo voltará lá para buscá-lo, ele tenta se manter próximo àquele local, mas precisará descobrir como sobreviver com tanta liberdade.

"- Afinal, você quer voltar oara a sua casa ou para o seu bichinho?
- Dá no mesmo. - A resposta saiu espontânea e firme, o que me surpreendeu." 

Se uma história narrada pelo inocente olhar de uma criança já é tocante, imagine adicionar o ponto de vista de um fiel animal de estimação? Este livro carrega tanto aprendizado e é contado com tanta delicadeza que foi impossível ficar indiferente à história. Pax é atemporal e indicado para todas as idades, suas lições são aplicáveis a qualquer fase da vida. Sara Pennypacker fala sobre se encontrar, se descobrir, sobre sonhos, recomeços e perdão. Fala também sobre a natureza humana e o quanto o homem pode se transformar - seja para o bem, seja para o mal.

O primeiro capítulo é de cortar o coração e cheguei a derramar algumas lágrimas, assim como na última página. O final é curto, mas entendo que a lição da história está em seu desenvolvimento, como Oz, onde a mágica está no caminho e não na chegada. O desfecho foi como pensei, apesar de, de uma forma egoísta, desejar outro, mas sei que a escolha da autora foi a mais coerente. Não dá pra falar desse livro sem citar essa edição com capa dura, rica em detalhes e com as ilustrações originais, né? Só deixou o livro ainda mais especial. 

"- E se eu me perder?
- Você não vai se perder.
- De repente eu já estou perdido."

Pax é o tipo de livro que não conseguimos definir muito bem, mas fazemos questão de ter na estante e indicar. A história dá um calorzinho no coração e nos deixa encantados, como uma fábula infantil. Desejo que você leia este livro em algum momento da sua vida, separe um tempo para aproveitar tudo que esta leitura tem a oferecer. Não consigo nem desenvolver mais a resenha, porque seria redundante - só sei dizer o quanto este livro é fofo, tocante, especial. Se você gostou de O Pequeno Príncipe, Extraordinário, Passarinha, Tormento, A Jornada pode colocar Pax à sua lista de leituras. Confie em mim.