A Casa de Hades - Rick Riordan

Cuidado! Spoiler dos últimos livros.

“Para meus maravilhosos leitores: Lamento pelo último suspense. Quer dizer, não, não de verdade. HAHAHAHA. Mas, falando sério, adoro vocês, pessoal.” Foi o comentário de nosso querido autor Rick Riordan para seus fãs. Como se não fosse o suficiente que ele tivesse jogado Annabeth e Percy no Tártaro!
As primeiras linhas do livro apresentam um ataque ao Argo II, representando muito bem as dificuldades que nossos personagens estão passando em sua missão. É, vida tranquila não combina muito com um semideus, é claro. Não fica mais fácil quando Hazel recebe a visita de uma deusa e vê seu caminho cheio de encruzilhadas, e nenhum fim leva à vida de seus amigos no Tártaro. Ou seja, o destino do casal é morrer ou, bem, morrer. Porém ela está decidida a ir contra o que for preciso, até desafiar essa deusa, para manter todos a salvo.

“— A gente vai descobrir uma maneira de deter Gaia — disse Hazel. — E vamos resgatar nossos amigos do Tártaro. Manteremos a tripulação e o navio unidos e impediremos que o Acampamento Júpiter e o Acampamento Meio-Sangue entrem em guerra. Faremos tudo.”

Enquanto isso Percy e Annabeth estão em um encontro romântico no Tártaro (SQN), com direito a rios atormentadores, chão de cacos de vidro, oxigênio tóxico e como comida e bebida um líquido de lava. Têm como companhia um titã amigo (oi, Bob ;) ), um gatinho e todos os monstros que Percy matou prontinhos para terem sua vingança. Nada fácil quando se quer procurar pelas Portas da Morte, atravessar a orla de monstros e deuses furiosos, ou impedir que o próprio deus Tártaro resolva atacá-los. Isso sem cair em desespero ou morrer tentando.

Dessa vez todos os semideuses da profecia narram o livro, cada um com um capítulo. Hazel preocupada com a missão pessoal imposta a ela, Piper se sentindo apenas alguém que pode usar o Charme e mais nada (é, ela esqueceu mesmo que foi esse Charme que salvou o namorado no primeiro livro, e que já foi muito, muito útil outras vezes), Frank enlouquecido com as vozes de Marte e Ares brigando horrores dentro de sua mente e, bem, dá para ter uma ideia. Essa estória está mais tensa do que nunca, principalmente por causa da participação do Tártaro e da impotência daqueles que estão no Argo II sobre a situação do casal de amigos. Achei legal também um pequeno detalhe, mas que eu não gostei no último livro: o triângulo amoroso entre Leo, Hazel e Frank. Aqui finalmente acabou! Oba. Uma dica: digamos que os deuses não cumpriram uma promessa que fizessem no fim da outra série, e tem uma garota bonita e solitária muito irritada com isso. Só espero que no último livro a situação dela seja resolvida!

Em “A Casa de Hades” cada um provou o seu valor, principalmente aqueles pouco mencionados no último livro: Hazel, Piper e Frank. A primeira se tornando a escolhida de uma deusa, a outra finalmente se sentindo melhor com relação ao grupo e com o que ela própria pode fazer e o último tendo o reconhecimento de seu pai, o grego e o romano, rsrsrs. O final foi muito mais leve do que o anterior (é claro que eu estou comparando com o Tártaro, porque leve, leve, não foi muito não...), como a calmaria antes da tempestade que é o final dessa estória. Agora resta aos fãs da série esperarem ansiosos o último livro. Para aqueles que não leram: Ficaram loucos? O que estão esperando para começarem já?!

Dearly, Beloved - Lia Habel

"― Você me dá mais do que eu jamais poderia ter. Sendo assim, vamos simplesmente aceitar o fato de que somos duas pessoas muito, muito esquisitas."
Este segundo livro da série Gone With The Respiration narra a descoberta de uma cepa (mutação) do vírus Lazarus original quatro meses após o Cerco (um ataque de hordas de zumbis famintos e insanos, que eram chamados de Cinza). Nora e Bram acreditavam que tudo estava sob controle e que o pesadelo do ataque já não passava de uma lembrança. Porém, o romance dos pombinhos se vê ameaçado devido ao receio do governo em continuar permitindo que humanos e zumbis Não-Vivos continuem coexistindo após pessoas que já haviam sido vacinadas contra o vírus serem mordidas e reanimadas pelo mesmo, transformando-se em zumbis mais violentos e esfomeados quanto os “hospedeiros” (nome dado aos mortos-vivos que não recobram memória ou consciência). O que o casal apaixonado mais temia aconteceu, a cepa era diferente de tudo aquilo que fora formulado para imunizar a população e ambos temiam que os mortos fossem caçados novamente, sendo eles conscientes ou não.

"― Saia da carruagem, sua necroprostituta. Agora! Pegue seu homem morto e saia desta maldita carruagem!"

Não obstante, os novos ataques não são, nem de longe, os únicos problemas de Bram, Nora e da antiga Companhia Z. Um grupo anti-zumbi da alta sociedade passa atacar os Não-Vivos e seus amigos/familiares que foram liberados para conviver pacificamente em Nova Londres. Portando armas e usando máscaras negras inspiradas em corvos, com bicos curvados e órbitas preenchidas por vidro fosco, o grupo promove uma onda de sequestros relâmpagos e assassinatos, aterrorizando os vivos e os mortos. Em meio ao caos, o portador da mutação é encontrado. No entanto, é impossível identifica-lo e o mistério de quem quer que seja o “Paciente Número Um”, fizeram de tudo para mantê-lo no anonimato.

Gente, Dearly, Beloved é tão engenhoso quanto Dearly, Departed, mas pecou em algumas coisas. Gostei bastante do livro, a autora manteve o mesmo clima extraordinário de ação e suspense, investiu em detalhes, ciência e tecnologia abundante, texto para dar e vender... E exagerou na quantidade de POVs e desfocou o romance de Nora e Bram. Ok, o livro é sobre zumbis, eu sei, mas no anterior o casal estava mega in love e daí você fica: Cadê o amor?! Não que eu quisesse um chiclete super bola, só esperava que tivesse mais investimento no casal. Sem contar que os dois ainda têm que aguentar um fura olho tentando separá-los. Sobre os POVs... Foram necessários para entender toda a trama? Sim, porque explica muito. Mas vamos combinar, estaria mentindo se dissesse que não confunde. Aliás, já viram o tamanho do livro? Pois é.

Novas personagens surgiram e algumas que não se destacaram no primeiro livro foram essenciais neste. Até me surpreendi com uma ou outra e, apesar de não ficar tão chocada, ver certas criaturinhas colocarem as garrinhas de fora foi difícil de engolir. Veja bem, você acredita que fulano é fofo e ele não passa de uma víbora. Alguém se identifica? Claro que sim. O humor permaneceu por conta dos meus adoráveis soldados da Cia Z e senti falta das conversas meio nerds. Como citei no início, esta é uma série e li um livro seguido do outro. Porém, não faço ideia de quando sai a continuação. O que é muito ruim, já que a autora não faz aquele breve resumo inicial para nos ajudar a lembrar dos acontecimentos anteriores. Ou seja, fiz a gentileza de relembrar no primeiro parágrafo desta resenha porque vocês são os leitores mais queridos desse Brasil varonil. :)

Apesar das falhas, é um livro ótimo e um dos melhores sobre zumbis que já li (não foram tantos assim). Talvez o gênero steampunk não seja tão aclamado por aqui, pois vejo quase nada sendo lindo/resenhado/comentado, mas vale à pena a leitura. A revisão está sem comparação com Dearly, Departed, que é vergonhosa e soltei o verbo na resenha dele. Para quem não conhece a história, a resenha está aqui.

Fui bem free-spoiler. Então, boa leitura e não esqueçam a vacina. Afinal, ninguém quer sair por aí atacando os familiares e amigos queridos, hum?

Mini-opiniões: Belo Casamento - Jamie McGuire

Mini-Opiniões é uma coluna original do blog português Estante de Livros, adaptada aqui para o blog. 

Não é segredo que eu sou apaixonada pelo casal Abby e Travis (pelo Travis, mais especificamente); já falei bastante sobre isso nas resenhas de Belo Desastre e Desastre Iminente, então óbvio que qualquer coisa que a Jamie escreva, eu vou querer ler. Olha, o título do livro já é um spoiler imenso se você ainda não leu Belo Desastre, mas, bem, trata-se de um New Adult, você meio que tem que saber que um final feliz é quase regra (agora tô aqui pensando se teve algum sem felizes para sempre). O tal casamento nos dois primeiros livros é contado de forma bem corrida e ele acontece de forma repentina, mas aqui temos a explicação e os momentos que precederam o "sim". Sinceramente, eu gostei, mas fiquei levemente decepcionada. Achei as razões da Abby pouco românticas, se querem saber a verdade. Eu estou acostumada com a explosão de paixão desses dois, mas aqui eles não parecem tão intensos como antes. Acredito que muita gente tenha questionado a autora sobre a falta de seriedade com relação ao incêndio e a tragédia, e a impressão que deu é que ela queria contar o que houve depois daquilo como quem diz "sim, foi algo bem sério, olha só como foi grave" meio que querendo suprir o que faltou no outro livro. Se querem saber, achei o epílogo de Desastre Iminente muito mais revelador do que Belo Casamento. Achei o livro muito restritivo àquele momento e, por mais que o título seja óbvio, eu queria lua de mel e aquela montanha-russa inconstante que são esses dois. De qualquer forma, li em um único dia e continuei suspirando pelo Travis. Algo que nunca vou parar de fazer.

O Leitor de Almas - Paul Harper

Embora não tenha prendido tanto a minha atenção, confesso que é um trama policial instigante e complicado.

Vera List está com as mãos atadas. Ela é psicanalista e duas de suas clientes estão tendo um caso, sem saber, com o mesmo homem. Até aí não haveria problema se tanto LoreCha e Elise Currin não relatassem uma certa preocupação com esse relacionamento, confidenciando que sentem como se aquele homem lesse a mente delas. Entendendo que aquele ser sem rosto e sem nome estava lendo seus arquivos para desvendar esposas de homem ricos e poderosos, Vera List não vê outra saída a não ser apelar para o trabalho não oficial de Marten Fane. Precisavam descobrir como e por que aquele homem estava tentando manipular aquelas duas mulheres, por que estava sendo tão cruel com elas e qual era o seu propósito. Teria algo a ver com o marido das duas? Teria algo a ver com a própria Vera List? Ou um esquema muito maior, perigoso e fatal envolvia tudo aquilo? De uma coisa Vera e Marten podiam ter certeza: para sair daquela situação precisavam pagar um preço, talvez alto demais.

“Desde o início o relacionamento foi intenso. O homem seduziu-a em todos os sentidos. Ela me diz que ele praticamente consegue ler seus pensamentos, que conhece suas ideias mais íntimas, intui suas ansiedades, seus desejos, seus medos. Toda essa sensibilidade é naturalmente muito sedutora. Ela está enfeitiçada por ele.”

Achei criativo e inteligente o mecanismo do autor para não dar mesmo uma saída à Vera, a psicanalista. Esse tipo de profissão pede um certo sigilo, e ela não pode falar sobre o que está acontecendo com ninguém. Só o fato de ter que explicar a situação para um detetive a coloca em uma posição contra a justiça. Também não há forma de impedir que o amante de suas clientes continue “atuando”, pois pode ter consequências inimagináveis caso ele descubra que Vera sabe. Se chamar a polícia pode acontecer de suas fichas sobre todos os seus clientes vazarem, e ser aquela confusão. Ninguém confiaria mais nela e perderia o seu emprego para sempre. Então como deter aquele homem sem maiores consequências? Marten Fane, felizmente, tinha experiência em crimes de difícil solução e prometeu ajudar. Porém ele se encontra num dos casos mais difíceis, emblemáticos e perigosos de sua carreira. Com o instinto do personagem gritando o tempo todo “corra” e a situação se tornando cada vez mais complicada, o leitor é levado a entrar numa trama em que é quase impossível encontrar a solução perfeita. Ou mesmo a motivação para tudo isso. Então se o leitor gosta de um final incomum...

Os personagens mais envolvidos na trama são, digamos, únicos. A história permitiu ao leitor conhecer cada um, sua jornada e como chegou onde estava. Isso dá aos personagens mais vida e consistência, fazendo com que a trama ganhe um ponto a mais. Os personagens não são apenas jogados na história, são cuidadosamente inseridos. Eu gostei disso. E a maior parte dela acontece em apenas uma semana, mostrando a urgência do caso e a importância de sua solução rápida. Nem por isso a história fica corrida, é claro, na verdade só deixa mais clara a eficiência e o pensamento rápido de Marten.

Não vou dizer que foi o melhor livro policial que já li, até porque outros me prenderam mais. Porém achei inteligente, instigante, e bem perspicaz. A trama se desdobra de um jeito diferente e surpreendente, e até o final do livro não se tem mesmo uma noção da dimensão do problema. Há muito para dar errado, e nada para sair de acordo com os planos. As últimas páginas, como era de se esperar, são chocantes e, tenho que dizer, nos faz repensar: até onde o homem é capaz de chegar para obter poder?

Proposta Inconveniente - Patricia Cabot

Payton sempre sonhou ter seu próprio navio para comandar e estava esperando ganhar o Constant em seu aniversário de 19 anos que se aproximava. Única mulher entre três irmãos, ela literalmente lutava para ter seu espaço na família. Mas, para seu irmão mais velho, ela precisava se casar - e coloca sua esposa para ajudar a se tornar apresentável. E é nessa primeira tentativa de fazê-la usar um vestido que ela é notada por Connor Drake, melhor amigo dos seus irmãos e por quem ela sempre fora apaixonada. Acontece que ela este não é o melhor momento, considerando que é a noite do noivado dele. Mas o destino acaba por metê-los em uma grande confusão - ele, sem querer; ela, por vontade própria.

Muito se fala nos romances históricos da Patricia Cabot, mas eu só tinha lido um (Pode Beijar a Noiva), do qual eu tinha gostado bastante. Ao me deparar com este lançamento da Record, não hesitei em solicitar. Eu gosto muito do clima desses romances, sempre me transportam para a época, me fazendo viajar mesmo. Algo que reparei nestes dois romances da Patricia é que ela tenta inovar um pouquinho nesse mar de clichês (que são bons!) ao criar ambientes inusitados para situar suas histórias.

Payton já mostra sua personalidade nas primeiras páginas: é forte, decidida e pouco contida. Ser criada no meio de tantos homens, lidar com piratas e viver no mar fez dela uma dama nada convencional para a época - considerando que as mocinhas tinham que ser verdadeiras ladies, serem vistas pela sociedade para arrumar um casamento decente (isso, claro, não envolve necessariamente amor, mas sim títulos nobres). Ela é muito convicta das suas opiniões, apesar de não ter um parâmetro ou algo inspirador/influenciador - a referência que ela deveria ter é sua cunhada, mas ela não é muito esforçada para tal, já que diverge totalmente do que ela quer e é. Esse é o primeiro ponto positivo do livro - só pela protagonista ele já poderia entrar na sua lista de leituras.

Apesar de parecer, ele não é todo composto por melações românticas, há muito humor, principalmente nas passagens que envolvem os irmãos de Payton. Eles são rudes e, definitivamente, não sabem como tratar uma dama, mas é cômico, não grosseiro. A aventura também tem seu espaço e acho que isso já é de se esperar, afinal,como falar de piratas sem batalhas, heróis e agitação e tudo mais?  Porém, o herói é na verdade uma heroína. Connor Drake fica até apagadinho perto de sua salvadora (ele é legal, tá? É fofo e tal, mas ele tem umas coisas tão idiotas que, ahn, nem sei). Eu achei o "núcleo" dos ~inimigos~ relativamente fracos, esperava motivos mais fortes (ou faltou a autora dar mais importância, de forma a fixar a ideia de perigo e tal).

O que seria de um romance histórico sem suas cenas quentes? É legal porque trata de descobertas e impulsões, mas tem suas partes eróticas avulsas, as quais, definitivamente, não fariam falta na história. Mas já que estão aí, vamos ler, né? hahaha Não é cansativo, então ok. Cansativo são as inúmeras repetições na narrativa. Começa uma página falando de uma coisa, endossa o assunto e quando chega no  final da outra página, repete o que foi dito no primeiro parágrafo. Qual a necessidade? Se fosse um história narrada em primeira pessoa, eu até entenderia, nossa cabeça é assim mesmo, não é? Mas uma narrativa em terceira pessoa poderia ser mais enxuta. 

Por fim, gostei do livro, mas não foi aquela maravilha toda - não bateu aquela paixão, sabe? Mas me diverti lendo, apesar da uma semana que demorei para terminá-lo. Sem dúvidas, é o tipo de leitura que vai agradar muita gente.

Mini-opiniões: Amor Veríssimo - Luis Fernando Verissimo

Mini-Opiniões é uma coluna original do blog português Estante de Livros, adaptada aqui para o blog. 

Vou começar este post confessando que eu só conhecia Luis Fernando Verissimo de nome. Sério, nunca tinha lido uma crônica sequer. Mas depois de ler a opinião de da Lygia sobre Os últimos quartetos de Beethoven e outros contos, não hesitei quando a Suma de Letras anunciou Amor Veríssimo. O livro reúne algumas crônicas que foram adaptadas para a série televisa homônima da GNT. Eu li com o intuito de acompanhar a série, mas acabei perdendo os episódios #xatiada. Mas a parte feliz é que li um texto atrás do outro, sem conseguir parar um minuto - é interessante que cada crônica tem um tom diferente, uma é romântica, outra é melancólica, a seguinte é um caso rotineiro, a outra é carregada de comédia... fazendo uma mistura de sentimentos e mal tive tempo de digerir um texto quando já estava embarcando em outro. Talvez as pessoas recomendem ler crônicas em pequenas doses, mas para mim, foi impossível: quanto mais lia, mais queria ler. Algumas me deixaram com gostinho de quero mais e isso é uma coisa que sempre me frusta quando leio conto/crônica/novela: eu quero o final feliz, eu quero o depois, sabe? A vida não é uma comédia romântica foi uma que me tocou especialmente -  quantos "amores das nossas vidas" encontramos quando vamos à padaria, estamos no ônibus, não é? Depois de Amor Veríssimo, já sei que nunca vou recusar um livro do autor. Seus textos são leves e sempre terei um tempinho para lê-los.

Esconda-se - Lisa Gardner

"Eu era mais rápida. Ele estava mais bem armado. Eu estava sangrando."
Neste livro, a famosa detetive D. D. Warren agora tornou-se sargento, liderando seu primeiro caso de investigação após a descoberta de uma cova coletiva no terreno abandonado de um antigo Hospital Psiquiátrico. Seis crianças do sexo feminino são encontradas mumificadas dentro de seis sacolas plásticas, enfileiradas de duas em duas numa estante debaixo da terra. Para ajudá-la com o caso, ela convoca seu velho amigo (e ex-namorado) Bobby, pois ele trabalhou num caso parecido há alguns anos e acredita que a recém-descoberta pode ter alguma ligação com o caso anterior: onde uma adolescente de 12 anos foi mantida presa por um mês numa cova por seu sequestrador e estuprador.

Em contrapartida, temos Annabelle Granger, uma mulher que passou metade de sua vida fugindo sem saber o porquê. Seus pais jamais disseram qualquer palavra e, sempre que chegava em casa e encontrava as malas arrumadas, sabia que era hora de partir. Seis meses, um ano, dois anos... O tempo em cada cidade/estado nunca era o mesmo, apenas o suficiente para que pudessem se estabelecer e ganhar algum dinheiro. Após a morte de seus pais, Annabelle sentiu-se aliviada por enfim não precisar mais fugir. Porém, quando um nome no pingente de uma das vítimas é divulgado à mídia, 25 anos depois ela vê uma oportunidade de desvendar o mistério que nunca lhe fora revelado e o que segredo foi para o túmulo com seus pais.

Contudo, o que ela não esperava era que seu pai jamais estivera maluco. Seu perseguidor era real e tinha informações privilegiadas sobre ela. Mas como? Quem seria? Não tinha a menor ideia. Mas ao procurar a polícia assim que seu nome foi identificado como sendo de uma das crianças encontradas na cova, nada mais fazia sentido. Exceto pelo fato de que AQUELE pingente fora deixado para ela na porta de casa quando tinha 7 anos e, com a ameaça do pai de destruí-lo, deu-o para sua melhor amiga. Teria ela morrido em seu lugar? A única coisa da qual tinha certeza: ela era a verdadeira Annabelle e precisava descobrir quem era a garota morta.

Uma palavra para definir Esconda-se: Fascinante! Uma leitura completamente viciante, instigante, que desperta nosso detetive interior, aguça nossa capacidade de interpretação (uma vez que há pistas nas entrelinhas), nos ensina (mesmo que de leve) como funciona a mente de um psicopata e como determinados traumas de infância podem SIM influenciar na formação do caráter e da personalidade do ser humano. Veja bem, fazendo uma análise mais profunda, a autora não simplesmente escreveu uma história de ficção, ela fez uma pesquisa minuciosa (que inclusive cita em “Nota da Autora”) e fundamentada acerca de certos distúrbios psicológicos. Além de nos transportar para o meio da força-tarefa convocada para solucionar o crime.

Em mais um seus fascinantes thrillers, Lisa Gardner nos faz perder completamente o fôlego com Esconda-se. A linguagem é muito dinâmica, de forma que você se sente dentro de um episódio de CSI. Elaboradas com maestria, as personagens são tão envolventes e convincentes que somente nas últimas páginas descobrimos quem realmente são os vilões e mocinhos da história. Minha experiência anterior com a autora também foi ótima, mas sem comparação com este segundo livro que, inclusive, pode ser lido de forma independente, pois os casos não têm qualquer ligação, apenas a participação da detetive D. D. Warren (que existe na vida real e é amiga de Lisa).

Outro detalhe essencial foi a narrativa. Ela se alterna entre primeira e terceira pessoa, nos leva para diferentes cenários, é possível sentir o peso do drama que a protagonista vive e a frustração dos detetives cada vez que uma nova pista aparece, mas que não conseguem encaixar no maluco quebra-cabeça que é uma investigação. Se você gosta de um bom thriller, não deixe de ler este. É meu segundo 5 estrelas do ano.

"A verdade o libertará. Outro velho ditado. Seis meses de depoimento à polícia, recuperação de objetos, de resultados de DNA e entrevistas para a imprensa. Eu tenho minha própria agente. E, é claro, o contrato de um livro."

Gazeta da União - Lançamento de A Ameça Invisível

Em setembro, uma ameaça terrível nos foi apresentada sob o título de A Ilha dos Dissidentes, e comentei um pouco sobre isso. A autora do livro defensor de Anômalos, Bárbara Morais, agora lança na Bienal do Livro de São Paulo, no Brasil (em Agosto), o segundo volume desses relatos pró-Anômalos, chamado A Ameaça Invisível (foto). Nós, da Gazeta da União, pudemos constatar pela breve leitura, que o primeiro livro tratou as anomalias como algo de profundo interesse. Depois desse primeiro atrevimento, a autora decidiu continuar a dar voz à Sybil, uma anômala tida com bons olhos. Aqui na União, não é apenas isso que tem causado rebuliço com relação à Anômalos. Samantha Campos, nossa correspondente direto do Senado, nos traz mais informações oficiais.























A Gazeta da União trará novas informações sobre o Senado e o livro pró-Anômalos assim que elas estiverem disponíveis.

Dias Perfeitos - Raphael Montes

A literatura brasileira tem sido muito apaixonante, mas é a primeira vez que experimentei uma ficção policial nacional. Não me arrependi.

“Dias Perfeitos” conta a estória de um estudante de medicina chamado Téo e de seu amor obsessivo por Clarisse. Acho que obsessivo é pouco... Téo é um homem muito, muito reservado, que tem apenas uma única amiga (ah, mas vou falar dela daqui a pouco) e que é desprovido de qualquer sentimento. Não estou dizendo que ele seja cruel, não de início. Ele só não sente essa necessidade de nutrir vínculos com outras pessoas, e se é mesmo capaz. Porém ele conhece Clarisse em um churrasco que não queria ir e descobre nela uma moça rebelde, completamente diferente das poucas pessoas que ele entrou em contato. E aquele jeito dela, de menina travessa, faz o rapaz entender que ele não só podia nutrir o amor, como também que seus sentimentos eram arrebatadores. Até demais.

Depois da rejeição que ele sofre de Clarisse, Téo tenta fazê-la se apaixonar por ele. Como? Bem, acontece que Clarisse estava escrevendo um roteiro, e iria viajar para se concentrar (coisa de escritor, rsrsrs). Ele a sequestrou levando-a para Teresópolis (onde Clarisse pretendia ir), forçando a moça a passar um tempo com ele, tentando mostrar a ela que eles foram feitos um para o outro. O problema é que Téo, além de cegamente apaixonado, não conseguia perceber a gravidade do que estava fazendo. E nem de que, com aqueles atos, ele iria chegar em um poço sem nenhum fundo.

"Encontrara o Vogue de menta em uma padaria do centro. Havia comprado dois maços, mas, na volta ao hotel, decidira fazer Clarisse parar de fumar. Sem que ela notasse, cortaria da rotina. Um processo gradual. No início, teria que inventar desculpas e suportar os desaforos da abstinência. Ao final, atingiria o objetivo."

O título é uma clara ironia. Pelo menos para Clarisse, já que para Téo, passar aquele tempo com ela, é ótimo. Afinal, para ele, é perfeitamente compreensível ter que amarrar, amordaçar, drogar a garota que ele ama. Caso contrário os gritos dela poderiam chamar a atenção de alguém ou, pior, ela poderia fugir. E se fugisse como ele iria fazê-la se apaixonar por ele? Idiota! O mais mórbido, talvez, seja o fato de que as circunstâncias contribuíram para que todos acreditassem que Téo e Clarisse eram um casal apaixonado! A família de ambos achava que eles estavam apenas fazendo um roteiro amoroso, então o “sequestro” de Clarisse em nada era estranho. Tudo isso ajudava Téo a passar mais tempo com ela sem ser incomodado.

Porém o rapaz não é nada comum. Na sinopse do livro diz que ele “justifica suas atitudes com uma lógica impecável”. E é verdade! Raphael Montes conseguiu montar um drama muito bem feito, em que o leitor vê tudo por essa mente louca. Pois ao mesmo tempo em que o leitor sabe que todos aqueles atos de Téo são insanos, é perfeitamente “lógico” (do ponto de vista do personagem) o que ele está fazendo. Mas não, não nos enganamos com relação a ele, e isso percebemos logo nas primeiras linhas do livro. Pois é no início que Téo fala sobre sua única amiga, Gertrudes. Até aí estaria tudo bem, se Gertrudes não fosse um cadáver da aula de anatomia. É, isso diz bastante sobre nosso personagem. Muito diferente de Clarisse, que é sempre muito viva, muito sociável, muito livre. E esperta o suficiente para saber o que fazer, ao invés de apenas aceitar o seu destino.

Acho que até aqui vocês entenderam o quanto o adorei esse livro, o quanto a estória me surpreendeu, tanto pela lógica quanto pela loucura. E, sim, tenho que confessar que adorei o cenário carioca. Porém todo o enlace, toda a construção... Não tem como o livro não prender. E não tem como, principalmente, o final não te deixar desnorteado, para não dizer o mínimo, rsrs. Espero que os apaixonados por esses novos livros nacionais deem oportunidade também para essa estória.

O que nós estamos lendo

Depois de um ano sem postar essa coluna, estamos de volta! Aqui mostramos o livro que estamos lendo e nós queremos saber o que vocês estão lendo também ;)

A Pamela está lendo Os Gêmeos (Pauline Alphen).


 A Carol está lendo Réquiem (Lauren Oliver) e a Brigs está lendo Viva para Contar (Lisa Gardner).


 A Juliana está lendo Paixão sem Limites (Abbi Glines) e a Sabrina está lendo Easy (Tammara Webber).


 O Renato está lendo O Tesouro da Encantadora (Caroline Carlson) e eu, Ceile, estou lendo Proposta Incoveniente (Patricia Cabot).

Essas são nossas leituras atuais. Qual a sua?

Trilogia A Seleção - Kiera Cass


Esta foi uma trilogia que relutei muito em acompanhar. Antes de ser lançado aqui, eu me apaixonei pela capa de The Selection, mas só fui lembrar dela quando vi o anúncio da Editora Seguinte (a estreia do selo da Companhia). Acompanhei todo o surto coletivo desde o lançamento, mas mantinha meus exemplares (dos dois primeiros) intactos na estante - "um dia eu leio". Conheci a Kiera Cass e num café da manhã que tivemos com ela, até perguntei sobre o enredo, sem nunca ter lido, porque: eu ouvi tanto falarem que tudo já era familiar pra mim, é como se eu já conhecesse o universo de A Seleção. Mas aí chegou maio. O mês do lançamento de A Escolha - até eu me perguntava com quem America iria ficar, isso é, se ela ficaria com alguém. Peguei um spoiler e aí tomei coragem pra ler. Foi maravilhoso! Há muito tempo eu não lia um livro atrás do outro, da mesma série, i mean. Gostei? Sim! É ótimo? Definitivamente, não!

O enredo
Somos apresentados à Illea através de America Singer. Trata-se de um país (monárquico) jovem tentando se erguer e se manter através de um sistema de castas (isso não é tão estranho, visto que na Índia é mais ou menos assim): são oito no total e quanto maior o número, mais pobre. Assim, 8 são os mendigos. Nossa protagonista é uma Cinco (casta dos artistas) e namora há dois anos - escondida - Aspen, um Seis (casta dos serventes) - é o tipo de relação repudiada pela sociedade, já que existe um "alpinismo social" nas famílias. Aí tem o príncipe: Maxon. Ele precisa de uma esposa e a escolha da próxima princesa se dá através de uma disputa: 35 garotas são selecionadas e passam a viver no palácio, assim o Príncipe pode conhecê-las e escolher qual delas terá seu coração e a coroa. As famílias das selecionadas recebem um auxílio para se manter, então muitas meninas das castas inferiores se inscrevem para darem uma vida melhor para a família. America definitivamente não quer se inscrever, afinal ela quer se casar com Aspen, por quem ela é muito apaixonada e está disposta a enfrentar todas as dificuldades que isso implica. Com a insistência da sua mãe e incentivo do próprio namorado, ela acaba se inscrevendo e, como é de se esperar, é selecionada. Logo no início, ela deixa muito claro que não quer estar ali e não faz questão de ter o príncipe, mas acaba esbarrando em muitos problemas durante sua estadia no castelo: os rebeldes, o governo e como a sociedade é vista lá de cima. O "Concurso" acaba tendo um significado muito diferente do inicial pra ela e não é mais uma questão de escolher entre dois caras ou ser a escolhida.

Opinião geral sobre a trilogia (sem spoilers)
A Seleção é o tipo de livro que você lê de uma vez só ou em poucos dias. Escrita fácil, narrativa fluída e enredo descomplicado. Apesar de toda uma base distópica, o livro é mais voltado para o romance e, de uma forma simples, te ganha. Quando você começar a ler, muito provavelmente, vão te perguntar: "você é Team Aspen ou Team Maxon?" e é engraçado ver muitas pessoas responderem com tanta veemência que é um ou outro, porque eu terminei o primeiro livro sem saber para quem torcer e também não via muitos motivos para um ou outro ser odiado. Ok, teve um momento que eu senti (de verdade!) uma pontada de ciúmes do Maxon, porque, bem, ele está numa seleção e tem que se relacionar (em diferentes níveis, mas nem taaaaaanto) com 35 mulheres... muitas vezes eu ficava incomodada com as coisas que ele fazia (por mais que ele tenha justificado e tal, mas, humpf, não aceito), então acho que isso significa que sou #TeamMaxon. Aspen é um cara legal e consigo entender todas as suas razões, mas,  no fim, não bateu aquela química (minha com ele hue). Muito se falou sobre quem a America escolheria, mas, depois de A Elite, eu já não tinha dúvidas, porque ela deixou bem claro quem queria, mas tem sempre uma barreira a separando de qualquer um deles - aí vocês precisam ler para saber as ~reviravoltas~. A grande questão era muito mais se a pessoa que ela queria também a queria, se ainda estava disponível, se era possível, porque não era mais uma questão de amar e ser amado, havia muita coisa por trás disso tudo que poderia influenciar na decisão final. Com o avanço do enredo, a questão política ganha um pouquinho mais de força, é algo bem interessante, mas aí que a coisa peca: é um vislumbre, a Kiera não colocava a mão na massa nessas horas, sabe? Quando terminei A Escolha me dei conta do quanto a autora foge desses conflitos - ela os escreve, faz nascer, mas depois enfia a protagonista em algum canto e não vemos mais nada, só o depois e o que restou. A ação começa bem e ficamos ali esperando ver tudo, mas depois de um tempinho, nossos olhos são tapados por uma fuga na floresta, um esconderijo... e assim a questão política que ganha um fôlego maior no último livro, mas continua em segundo plano, com tantas coisas a serem desenvolvidas e nada em profundidade, ficando bem superficial mesmo. É interessante ver que mesmo sem focar neste pano de fundo (maravilhoso) a autora não nos deixa tão soltos no mundo. Ela dá um norte, dá uma pincelada de como está o mundo, como chegou até aquele ponto e tal, mas se você procura uma distopia de tirar o fôlego, esquece, não é esse o tipo de livro que você procura. Agora, se você quer um livro que te deixa ansiosa, roendo as unhas e com medo do final: leia a trilogia - nem os spoilers que peguei conseguiram me acalmar durante a leitura. O final, apesar de coerente em alguns aspectos, forçou em outros. Sério, gente, eu li uma coisa e fiquei completamente "WTF?". A autora forçou a barra, não era pra tanto.

A série ainda conta com três spin-offs: O Príncipe, O Guarda e A Rainha - são contos escritos a partir do ponto de vista de cada um dos personagens do título, sendo os dois primeiros já publicados aqui (em e-book - gratuito - e na versão física com o titulo Contos da Seleção); A Rainha ainda será publicado nos EUA.

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Skoob: A Seleção | A Elite | A Escolha | Contos da Seleção | O Príncipe | O Guarda
Submarino: A Seleção | A Elite | A Escolha | Contos da Seleção
Saraiva: A Seleção | A Elite | A Escolha | Contos da Seleção
Iba: A Seleção | A Elite | A Escolha | O Príncipe | O Guarda
Amazon: A Seleção | A Elite | A Escolha | O Príncipe | O Guarda

A Menina que Semeava - Lou Aronica

"Parte dos motivos pelos quais eu preciso passar mais tempo na casa do meu pai é porque eu preciso fazer uma coisa que só consigo lá e em nenhum outro lugar. Lá eu posso viajar para Tamarisk."
Lou Aronica criou um fantástico mundo de fantasia e o chamou de Tamarisk. Um reino onde as árvores são azuis, onde uma incessante melodia ecoa e envolve cada habitante e onde um aroma delicioso e convidativo de chocolate paira pelo ar. Contudo, Tamarisk pertence, na verdade, à imaginação da pequena Becky, que criou um mundo para qual podia escapar no momento mais marcante e dramático de sua vida. Seu pai, Chris, contribuiu significativamente para a construção dessa incrível aventura e juntos viajavam para a terra encantada incansavelmente dia após dia. Até que a garotinha cresceu e seus pais decidiram pelo divórcio.

Becky é uma adolescente que vivera uma infância difícil após ser diagnosticada com leucemia. Durante o tratamento, ela e o pai dedicaram-se à criação de um lindo reino, dando nomes criativos e originais a animais, árvores, frutas, cidades e aos habitantes. Por outro lado, a mãe não era uma grande encorajadora da história, mas não interferia. O tempo passou e Becky conseguiu vencer no tratamento da doença. Mesmo após a separação dos pais – e mesmo sem voltar a contar histórias sobre Tamarisk –, a jovem não se esqueceu do que criara e guardava a lembrança dos maravilhosos momentos com o pai. Porém, Becky sabia – mas não queria acreditar – que aquela terrível doença estava de volta. E com ela uma grande praga também devastava Tamarisk.

Então, sem querer, certo dia Becky escorrega para o reino de suas histórias a partir do seu quarto que ainda matinha no apartamento do pai. Ao chegar lá, descobre que uma praga desconhecida está destruindo as plantações e percebe que precisa ajudá-los imediatamente. Embora não possa levar nada consigo enquanto faz a “passagem”, tenta reunir o máximo de informação em notas mentais. Chris é um botânico e que se dedicou durante anos a diversas pesquisas científicas e para ele que Becky pede ajuda. Obviamente, o pai não acredita que o reino mágico exista até ter sua própria experiência. Juntos, pai e filha lutam para salvar Tamarisk. E, além disso, Becky luta também pela própria vida.

Além do drama da garota, o autor dá bastante foco no relacionamento (ou tentativa de um) carregado de tensão entre seus pais, a velha disputa do “eu cuido melhor” e como isso afetou até mesmo a relação dela para com os pais. Em Tamarisk também há uma carga parecida, já que a princesa Miea teve que abdicar de seu namorado para assumir o trono após a morte de seus pais num acidente. Ou seja, mais drama, pois o jovem além de súdito é um “funcionário”. Complicado, né? Difícil dizer de qual gênero ele gosta mais.

A Menina que Semeava é um livro intrigante, seja pela narrativa, seja pela mescla de drama e fantasia. O autor foi inovador em certos aspectos, criando “espécies” próprias e com nomes um tanto quanto incomuns (e difíceis de pronunciar). As personagens têm personalidades bem destacadas, a carga emocional foi bem aplicada (pelo menos eu senti um misto de emoções) e, de modo geral, fiquei bastante satisfeita. No entanto, para que a obra fosse completa, a escrita do autor (para mim) deveria ser do tipo viciante. Que não é o caso.

Embora não tenha superado extraordinariamente minhas expectativas (pois estava louca para ler o livro), ao menos o texto é cativante. Mas devo dizer que fiz grandes pausas durante a leitura. Como disse, esperava algo viciante. Sabe aquele capítulo que dá certa empacada, que falta um pouco de fluidez e desperta aquele bocejo sem vergonha? Pois é. Poderia culpar as 400 e tantas páginas, mas é claro que isso não tem nem cabimento, já que li neste mesmo período outros dois com aproximadamente esse número e, mesmo assim, devorei-os.

Bom, este reino não é famoso como o de Nárnia, mas tem seu encanto. Por isso, não deixem de conferir o livro quando puderem. Apesar de ter dado umas empacadinhas, talvez não seja seu caso. Portanto, concentração. Esvazie a mente e não abra os olhos até ter certeza de que conseguiu fazer a passagem para Tamarisk.

O Irresistível Café de Cupcakes - Mary Simses

Peguei esse livro pra ler porque era chick-lit e tenho passado uma ressaca literária e um tempo de trabalhos da faculdade meio brabo, sem tempo pra ler muito, esperando que fosse uma leitura rápida e empolgante. Não me decepcionei, mas poderia ser melhor.

Nesse livro, Ellen mora em Manhattan e é uma advogada super atarefada, que vive a vida no ritmo de cidade grande, não tem tempo para quase nada e divide o pouco que tem entre trabalho e seu noivo, Hayden. Ele é um grande homem de negócios, muito famoso.

Entretanto, quando a avó de Ellen morre, faz um último pedido: que Ellen entregue uma carta para uma antiga paixão, em Beacon, uma cidade interiorana, pequena e pacata. Ellen pensa muito sobre apenas despachar a carta no correio e continuar vivendo sua vida em Manhattan, mas por fim decide realizar o desejo final de sua finada avó, por quem tinha muito carinho. Ao chegar em Beacon, Ellen tenta fotografar uma estátua e acaba sofrendo um acidente quando o píer em que ela está desaba. Pega por uma corrente de água no mar, Ellen começa a se afogar, até que um homem a salva e a leva para a beira da praia. Ellen se sente tão aliviada que logo lasca um beijo no homem, de gratidão, mas não imaginaria no que tudo aquilo iria dar.

Eu curti muito a história em si, mas tiveram alguns pontos que não pude deixar passarem despercebidos. Eu estava esperando um romance bem divertido e engraçado, pelo que parecia que seria, mas acabou que ele tem muito mais drama do que comédia. É claro que em algumas partes a gente acaba soltando uma risada ou outra, mas as situações são bem mais dramáticas. Acho que a escrita da autora me incomodou um pouco pelo fato de ser bastante iniciante, percebe-se que é o primeiro livro da autora e que ela ainda não se sente inteiramente confortável em sua narrativa. Mas as situações pelas quais a personagem passa são bem típicas de chick-lits e bastante divertidas de se ler em um livro.

O que gostei bastante foi a ambientação (Beacon parece um lugar incrível e adoro cidades pequenas, embora seja fascinado por cidades grandes) e também de toda a culinária envolvendo o livro. Não entendi muito o sentido do título, pra ser bem honesto, mas não posso deixar de concordar que adorei as descrições de comida que o livro traz. Quem já leu minhas outras resenhas aqui no blog sabe que gosto bastante de descrições de comida em livros (gordo, não, que é isso), e esse livro não é exceção. Ellen me irritou um pouco porque parecia excessivamente tonta, em algumas situações percebia-se que a personagem agia de forma sem sentido propositalmente. Outra coisa que não me agradou muito é o fato da mensagem final do livro não ser exatamente o que a personagem vive nos momentos finais. Ela acaba abandonando algo antigo e do qual tinha certeza e se joga em algo totalmente novo, repetindo erros passados. Enfim, como não quero dar spoiler, deixo aqui apenas indicado.

Apesar dos pesares, acho que é um livro bem legal pra ser ler quando se está querendo algo despretensioso, leve e rápido. Nada muito profundo, mas definitivamente gostoso pra dias mais frios, tomando aquele chocolate quente e enrolado naquele cobertor.

Três palavras mudas

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— Eu já disse que te amo hoje? — me perguntou.
Um calor atingiu meu peito, se espalhando por todo o meu corpo, trazendo uma animação que eu não queria demonstrar.
— Não — sussurrei, sem olhar para ele.
Nossas mãos se tocaram, nós dois deitados na cama e olhando para o teto, sua pele fria indo de encontro com a minha, quente.
A verdade é que ele nunca disse que me amava, mesmo tendo demonstrado tal sentimento de diversas maneiras. Algumas exageradas, outras completamente absurdas. Mas eu sei que é isso o que ele sente por mim, até mesmo antes do que eu.
Por isso a minha excitação é tão grande, pois ouviria aquelas palavras dele pela primeira vez. E por isso eu não queria demonstrar. Ele era capaz de fazer um comentário bem idiota depois, e não queria estragar o clima.
Imaginei como seria. As três palavras saindo de seus lábios, seus olhos de encontro aos meus, eu diria “eu também” e nos beijaríamos apaixonadamente. Um marco importante no namoro de qualquer casal.
Só então percebi que havia passado tempo demais, e que ele não tinha falado nada ainda. Olho para meu namorado de esguelha e ele permanece com a expressão serena, apenas relaxado ao meu lado.
Ok, ele tá nervoso. Dou mais um tempo.
Perco a paciência e me apoio no cotovelo, gesto incômodo de se fazer num colchão.
— Ei — chamo a atenção dele. — Não vai me falar nada não?
Ele franze os olhos para mim.
— Não — responde, atrevidamente sério. — Era pra falar alguma coisa?

[Resenha+Promo] Eu nunca... - Sara Shepard

Resenha livre de spoilers

Desde que assumiu a identidade da irmã Sutton, Emma está tentando descobrir quem a matou. Quanto mais próxima parece estar do assassino, mais em risco está sua própria vida. 

Antes de começar esta resenha, fui ler a do primeiro livro (O Jogo da Mentira) e, como eu desconfiava, bastaria trocar algumas palavras e a resenha de Eu nunca... estaria pronta. Sabe por quê?
Este livro, assim como provavelmente o próximo e o próximo e o próximo ~infinito~, mantém a mesma estrutura do anterior: confusão, suspense, quase certeza, romancinho, perigo, espere o próximo livro, porque voltamos para o ponto zero.

Sara Shepard traz uma lista de possíveis assassinos de Sutton, foca em um, traz todas as evidências e depois desconstrói isso como se não passasse de um mal entendido. E isso não é um spoiler, hello, se a trama tem como conflito principal descobrir quem é o homicida e estamos falando de uma série, é ÓBVIO que isso só vai acontecer no último livro (ou perto da metade, como em PLL, e a autora vai achar alguma coisa pra render mais). Então, já estou conformada com o ritmo dos próximos livros: você vai acreditar que sabe de tudo, mesmo estando óbvio demais, mas lá perto do final do livro, a autora vai desmentir e você vai ficar "mas, oh, quem será o tal?". Isso não é ruim, viu, gente? É um fato, então não vou criar expectativas demais. A série poderia ser condensada em menos volumes? Muito provavelmente, mas os livros são ok, então dá pra passar o tempo lendo. Acontece que: a série Os Imortais tem uma estrutura semelhante (parece que vai resolver, nada resolvido, próximo livro), então amo/sou um pouco traumatizada com esse tipo de série, entende?

Mas, vamos lá: o livro não é chato. Como não precisamos mais de apresentações (como no primeiro), acompanhamos um pouco mais da rotina da Emma que já está bem familiarizada com a vida da irmã rica - mesmo que em alguns momentos ela fique meio "oh, acho que a Sutton falaria assim" mesmo sem nunca ter conhecido, de fato, a irmã. Mas ok, Sutton é o tipo de garota desprezível clichê, então até eu saberia como agir. Eu sempre me pegava pensando no tipo de ~amizade~ que as meninas do grupo tinham, tipo, aquilo é o que elas chamam de amizade? Não dá pra confiar em ninguém, elas são egoístas, não têm um momento de ~encosta sua cabecinha no meu ombro e chora~, mas a autora mostrou que existe um pouco de humanidade no coraçãozinho dessas crianças e fiquei um pouquinho mais esperançosa que elas não estavam usando a palavra (amizade) em vão. Amém.

Não quero ficar repetindo o tempo todo "assim como no primeiro livro", então saibam que todos os parágrafos começariam assim, ok? Então: (...) o livro é narrado em terceira pessoa e em primeira - Sutton faz algumas aparições com observações sobre o momento, uma vaga lembrança etc, mas nunca expressamente sinalizado. Você está lendo algo em terceira pessoa e quando passa para o próximo parágrafo, lá está Sutton divagando. Não, não é confuso, porque é bem fácil (e rápido) perceber que é ela. Somente os flashbacks são em itálico, mas têm um capítulo só pra eles #exclusividade. É engraçado ver como ela mesma fica com certa vergonha de ter sido como foi (?), assim tão menosprezível. Os assuntos afetivos também são levemente abordados e é fofo ver como a família tem seu lugar na trama, rendendo momentos comoventes. Mas tudo suave, não esperem um drama apurado. O romance, na contra-mão das demais coisas, dá um passinho pra frente (ufa, algo evoluiu), mesmo que eu leia "programada" para não confiar em ninguém, nem mesmo no parceiraço/fofo/gracioso Ethan.

Sobre as brincadeiras desse grupo de ````````amigas´´´´´´´´: elas são malucas! Totalmente piradas! Tem que ser muito cruel pra fazer O Jogo da Mentira do jeito que elas fazem (sério, até eu caí achando que era verdade). Espero, de coração, que as pessoas sigam a orientação da autora no final do livro para jamais reproduzirem as peripécias dessas garotas. E eu espero, ansiosamente, o terceiro livro, porque o final foi digno de desespero. Não com as expectativas de que algo vai ser resolvido, mas eu preciso conhecer essa pessoa que apareceu. PRECISO.

Sorteio do livro
Em parceria com a Editora Rocco, vamos sortear um exemplar de Eu Nunca... pra vocês. Para participar, basta preencher o Rafflecopter abaixo e boa sorte! A primeira entrada é livre e, para mais chances, preencha as demais opções. Não esqueça de ler os Terms and Conditions do formulário. 
Não sabe como usar o Raffle? Veja este tutorial.

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[Promoção] Aniversários: Leitora Viciada e Prazer, me chamo livro



Essa semana é aniversário de 2 blogs amigos. O Leitora Viciada completa 3 anos no dia 06 e o Prazer, me chamo Livro fez 2 aninhos ontem. Resolvemos fazer festa pra comemorar e vocês são nossos convidados! Vem participar com a gente! 
Não deixem de ler os termos e condições no próprio formulário.

Kit 1
Kit 2
 
Kit 3
 
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 Boa sorte ;)

A Escolha - Kiera Cass

Essa é mais uma resenha dupla (essa série é um caso sério no blog, porque 5 pessoas da equipe leram e amam/odeiam/amam. Você deve saber como é). Quem vai falar aqui hoje é a Pamela e o Renato.

Oh, vou morrer de saudade!!!! Com certeza, essa série vai deixar saudades!! Poxa vida.

CUIDADO! Spoiler de A Seleção e A Elite!
Finalmente America sabe o que quer — O príncipe (ela era cega, por acaso?). Infelizmente, agora, é a vez de ele ficar em dúvida! Porém, ao contrário do que pareceu no último livro, Maxon se mostra cada vez mais apaixonado pela nossa querida personagem (porque ele não é cego, afinal). Tudo o que ela precisa fazer é lutar por Maxon (ei, a Kriss ainda é uma forte candidata), deixar claro para o Aspen que não há mais nada entre os dois e ganhar o apoio da população. Isso se ela não conseguir estragar tudo novamente.

Mas como conseguir tudo isso se America não consegue nem dizer o que sente para o príncipe? Como continuar no palácio se o rei tenta o tempo todo sabotá-la (é, alguém ocupou o lugar da Celeste)? E como América iria conseguir o apoio da população se ela tinha estragado tudo na última vez? Pior, como lidar com o casal de rebeldes nortistas que apareceram no palácio para conversar com ela e Maxon? Opa lelê!

"Então ele olhou para mim. Balbuciei algo e apontei para as escadas, me dirigindo para lá. Sua rápida objeção para me escolher apenas trouxera de volta a mágoa que suas palavras tinham me causado no dia anterior, na biblioteca. Pensei que estivéssemos entendidos depois do abrigo. Mas parecia que tudo tinha ficado mais complicado do que antes, quando eu ainda tentava decidir o quanto gostava dele."
Eu achei que a única surpresa que eu teria seria no final, quando a história revelaria com quem America iria ficar. É claro que a autora tinha que dar esse tapa na minha cara! E sobre o comentário ali em cima: relaxem, a parte dos rebeldes não é um grande spoiler, acontece bem lá no início. E bem, se uma coisa dessas acontece logo nas primeiras páginas, imaginem só o que a autora guardou para nós mais para frente! É disso que eu estou falando. Ela não só fechou a trilogia com chave de ouro, ela começou com um cadeado de ouro!

(Sinceramente, eu acho que esse foi um dos pontos em que a Kiera mais pecou no livro final. Bem, analisando tudo, eu tenho certeza de que gostei - E MUITO - de A Escolha, mas o fato de ela ter criado a maior expectativa para o que seriam os rebeldes em A Elite e ter resolvido isso de um jeito bem rápido em A Escolha me fez ficar decepcionado. Esperava TANTO da distopia em si, isso é, os rebeldes, Gregory Illéa, como o estado se formou e etc, mas acabou que nada disso foi muito explorado.)
Também gostei muito mais da America aqui do que nos outros livros. Sinceramente, ela se mostrou bem mais inteligente, não fez tantas burradas. Na verdade às vezes eu queria simplesmente ficar de pé e bater palmas para ela. Em alguns momentos ela arrasou fabulosamente! (Em alguns momentos deu bastante raiva dela, pra ser bem honesto, mas na maior parte a gente até aceitava as ações da America.)

A Seleção também mudou bastante. Para minha surpresa o ambiente entre as remanescentes ficou bem mais leve. Até Celeste se mostrou simpática e amiga, rsrs, consegui gostar dela no final. E por fim a história rondava muito mais sobre o que seria melhor para Illéa do que as dúvidas de Maxon ou as preocupações de America.

"Houve sustos e murmúrios pelo salão, mas ignorei. Só conseguia ver a expressão amarga do rei. Se ele queria fazer um joguinho com meu caráter, eu estava pronta para dar o troco."

O fim da série me trouxe tanta alegria quanto tristeza. O final foi o melhor, acredito, porém ver a última linha... Eu só queria que essas histórias que nós amamos não acabassem nunca. Felizmente podemos sempre sonhar com esses personagens, com suas histórias e futuros, uma singularidade que só a leitura pode nos proporcionar. E saber que esses sonhos serão sempre encantadores. (E esperar pelo spin-off da Rainha que a Kiera Cass já confirmou, chamado "A Rainha" (duh)!!!!)

[Promoção] 3 Anos de Minha Vida Literária

Em julho, o Minha Vida Literária completa 3 anos e convidou os blogs amigos para fazerem a festa junto com ele! São 10 livros, além de mimos diversos, que serão divididos entre 3 sortudos! Além da promoção entre os blogs parceiros, o Minha Vida Literária está disponibilizando, também, mais 4 promoções em parceria com diversas editoras. Confira!





Regras gerais:
- Ter endereço de entrega no Brasil;
- Preencher o formulário do Rafflecopter.

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Observações
- Após preenchida a entrada obrigatória, as demais são opcionais;
- A promoção tem início hoje e ficará no ar até o dia 31/07;
- Serão sorteadas 3 participantes, sendo que o 1º vencedor terá o direito de escolher 5 prêmios, o 2º escolherá 4 prêmios e o último ficará com os 2 restantes;
- Os vencedores serão contatado por email e terão até 48h para respondê-lo;
- Os livros serão enviados de acordo com cada blogueiro participante, sendo o prazo de até 40 dias para todos os envios;
- O vencedor que escolher o livro Perto de Você, da Bella Andre, terá que ser, obrigatoriamente maior de idade;
 - Os blogs não se responsabilizam em caso de extravio dos correios ou de entrega não efetuada por conta do endereço errado do destinatário passado pelo próprio sorteado.

Cartas de Amor aos Mortos - Ava Dellaria


"Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sobre sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era — encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um — é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho."

Alguns livros falam com você, às vezes é um monólogo, outras é um diálogo, algumas vezes é só alguém te contando uma história incrível (seja feliz ou triste), ainda há aqueles que contam a sua (sua mesmo! Você!) história, mas também tem uns que te colocam na narrativa - mas, infelizmente, neste último caso, você não passa de alguém invisível: você grita, corre, porém tudo que pode fazer é observar. E Cartas de Amor aos Mortos é exatamente assim: você está junto de Laurel, contudo, apesar da vontade imensa de pegá-la no colo e defendê-la de tudo, você é apenas um expectador.

O livro é todo composto por cartas e, antes de começar, eu tinha dúvidas de como conheceria o enredo, se isso se daria apenas pela descrição de sentimentos da protagonista, mas fiquei surpresa ao vê-la narrando, nas cartas, situações pelas quais passava durante os dias. Quero dizer assim: ela transcrevia as cenas, entende? Então o livro tem cenários, diálogos, olhares, trejeitos e personagens secundários. Em alguns momentos eu até esquecia que aquilo era uma carta, parecia um diário, mas aí ela relacionava alguma coisa do dia com a pessoa para quem ela estava escrevendo e tudo fazia sentido. Era sutil, mas a escolha do destinatário não era aleatória.


A autora trouxe muitos fatos interessantes dos destinatários, inclusive, mas sempre puxando para o lado mais pessoal da coisa - traços da personalidade, infância, forma como morreu. Interessante também é que a maioria destas pessoas escolheram morrer - mesmo que involuntariamente. Controverso? Nem tanto! É uma escolha - você usa drogas e corre o risco de ter uma overdose; você aponta uma arma para sua cabeça e atira. Qual a diferença? Enfim, seja como for, todas estas pessoas têm uma razão de estar ali.

Este é o livro de cartas da Laurel, mas também é da vida da May. É angustiante ver nossa narradora tão perdida, abandonada na vida, tentando achar uma razão, a sua razão pessoal para viver. Ela ainda vive a (e à) sombra da irmã, mesmo que esta (que forma a sombra) não esteja mais lá. Ela passa por um período de descobertas e experimentos - mas as coisas "erradas" que ela faz tem um quê genuíno e inocente. Seja como for, causa certo incômodo e aquela inquietação que falei no início.


Este livro tem um tom tão pessoal que é complicado falar de algo que não tenha me agradado. Foi escrito com tanto sentimento que foi difícil acreditar que o que eu tinha em mãos não seja o caderno da Laurel, que tinha alguém na frente do computador se passando por ela, porque isso é uma ficção, afinal. A autora acertou em tudo - no romance (SKY, PLS COME TO BRAZIL), nas amizades (Tristan, Kristen, Hannah e Natalie ♥) e todos os conflitos naturalmente presentes na adolescência e acentuados pela realidade da protagonista.

Eu não li As Vantagens de Ser Invisível, só assisti ao filme e, sim, tem alguns traços comuns entre eles. Isso não é ruim, é mais uma indicação: se você procura algo no estilo, aí está o livro ideal. Agora, se você procura um livro sensível, tocante e intimista: leia este! Se você não procura nada disso: leia Cartas de Amor aos Mortos, ele também pode falar com você e te surpreender.

P.S. Prepare as tags. Tem uma quantidade considerável de quotes a se marcar ;)

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