Auggie & Eu - R.J. Palacio

Li Extraordinário no comecinho de 2013 e me encantei de forma absurda pelo livro. Me trouxe muitas reflexões e fiz até playlist inspirada nele. Passados três anos, estou de volta à escola Beech Perp e lendo novos pontos de vista do "fenômeno Auggie".

O livro conta com três histórias que, originalmente, foram lançadas em e-books individuais (veja O capítulo de Julian, Plutão e Shingaling na Amazon). No início, tive um pouco de dificuldade para lembrar quem eram os personagens na história de Auggie, afinal, foram três anos entre uma leitura e outra e um apego enorme ao protagonista, o que deixou "os outros" sem a devida atenção. Diferente do que eu esperava, Auggie quase não está presente fisicamente nestas histórias, mas tudo se desenrola a partir da chegada dele na escola. 

O capítulo de Julian acabou me fisgando muito mais, apesar de toda repulsa que me causou. Julian é quem lidera o "motim do bullying" contra August e, assim, se tornou o vilão da história, mas estamos falando de crianças/pré-adolescentes, então será que ele é o culpado por tudo? Não digo que este conto foi uma redenção, pois seu comportamento ainda é inadmissível, mas trouxe outra perspectiva do personagem e do meio que ele vive. Cheguei a parar a leitura em alguns momentos porque eu estava enjoada com o comportamento dos pais do Julian - e surgia um certo medo dele gravar permanentemente tais pensamentos em sua personalidade. Bom lembrar que trata-se de uma história infanto-juvenil (apesar de ser indicada para todas as idades), então existe uma mudança, o enxergar do erro e, dentro daquela realidade, a correção - trazendo esperança para os possíveis pequenos leitores. Sério, gente, o que é tratado aqui precisa ser discutido em sala (seja de aula ou de jantar).

Plutão é basicamente uma história de amizade. Não a amizade de declarações fofinhas e selfies nas redes sociais, mas aquela que nasce na infância, com toda convivência e rotina, com amadurecimento e mudanças. Quem narra é o melhor amigo de Auggie, Christopher. Ele é quem conta como foi crescer tendo um amigo que sempre foi prioridade para todos, até para sua mãe, devido à saúde delicada. À medida que eles vão crescendo, vão aprendendo que não é fácil manter uma amizade, mas que valem certas renúncias.

Em Shingaling, Charlotte vai contar um pouquinho mais da dinâmica da turma da escola. Preciso dizer que vi a Ceile quase adolescente em cada página deste conto! Vivi coisas muito parecidas quando tinha a idade das meninas, desde a divisão dos grupinhos até as aulas de dança. Com isso, a história ganhou um tom nostálgico pra mim e acabei fazendo uma viagem no tempo. 

Estes contos são ótimos complementos para a história apresentada em Extraordinário, R.J. Palacio sabe dar voz a diferentes personagens de forma única, não há como negar. Sua narrativa tem um tom extremante sincero e nada hipócrita, mesmo que nos cause repulsa em certos momentos. Eu acrescentaria um conto para o Sr. Buzanfa - aprendemos tanto com as "pequenas" interações dele com os alunos, imagina uma história todinha dele? Foi ótimo poder ter contato com este "mundo" novamente e ver que, mesmo três anos depois, o livro ainda continua na minha lista de indicações.