Temporada de acidentes - Moïra Fowley-Doyle

"Guardem as facas, protejam as quinas dos móveis, não mexam com fogo.
A temporada de acidentes vai começar.
Acontece todo ano, na mesma época. Todo mês de outubro, inexplicavelmente, Cara e sua família se tornam vulneráveis a acidentes. Algumas vezes, são apenas cortes e arranhões. Em outras, acontecem coisas horríveis, como quando o pai e o tio dela morreram. A temporada de acidentes é um medo e uma obsessão. Faz parte da vida de Cara desde que ela se entende por gente. E esta promete ser uma das piores.
No meio de tudo, ainda há segredos de família e verdades dolorosas, que Cara está prestes a descobrir. Neste outubro, ela vai se apaixonar perdidamente e mergulhar fundo na origem sombria da temporada de acidentes. Por que, afinal, sua família foi amaldiçoada? E por que não conseguem se livrar desse mal?
Uma narrativa sombria, melancólica e intensa sobre uma família que precisa lidar com seus segredos e medos antes que eles a destruam." Sinopse retirada do Skoob.

Tenho uma tendência muito grande a escolher livros com temáticas românticas e, querendo mudar um pouco, decidi buscar livros "que dão medinho" e Temporada de Acidentes entrou rapidinho na lista. A premissa bastante simples me chamou atenção - uma família enfrenta uma temporada de acidentes todos os anos. Neste período, eles estão mais propensos à batidas, cortes, quedas e até morte, veja bem. Qual a explicação para isso? Apesar da premissa parecer simples como descrevi, paralelamente à temporada, outros acontecimentos vão dando fôlego extra para o livro e o mistério envolvendo uma antiga amiga da protagonista Cara acaba ganhando maior destaque.

O núcleo do livro é formado por um grupo de adolescentes: Cara, a protagonista, sua irmã Alice, seu irmão postiço Sam e a melhor amiga, Bea. Cara tem uma visão diferente das coisas, as enxerga com certa fantasia, mas ela só tem isso e não vi uma explicação ou utilidade para tal característica, e isso é uma das coisas que achei desnecessário adicionar em um livro tão pequeno (250 páginas) se não havia espaço para desenvolver, diferente da excêntrica Bea, que tem o misticismo "incorporado" à sua personalidade de forma que acrescentou à formação da personagem, deu um toque diferente, mas natural. Alice é a mais velha e parece fazer o tipo "não tenho paciência para quem tá começando", mas tem seus motivos para isso e é levemente enigmática. Já Sam parece um garoto normal, mas também carrega seus próprios traumas.

"Todos nós nos tornamos especialistas em esconder as coisas dos outros. Todos nós nos tornamos especialistas demais em esconder segredos dos amigos."

Apesar do livro conter vários elementos para compor uma boa trama, achei que faltou liga entre tais coisas. Como a autora optou por trazer mais de uma "revelação" para o final, achei que não ficou bem dividido e fatos importantes e fortes tiveram que dividir o mesmo momento - o que diminuiu o impacto deles. Foi tudo assim de uma vez e eu fiquei meio perdida, sem saber no que prestar mais atenção. Até agora não consegui avaliar muito bem o livro, não tive motivos para amar, mas também não achei nada que o tornasse ruim. Ele foi indiferente, sei que muitas pessoas podem gostar, mas outras podem ter a mesma sensação que eu. Acredito que, se a autora abrisse mão de alguns assuntos que não tem grande relevância e estão ali só para enfeitar o enredo, sobraria mais espaço para desenvolver os mistérios dos personagens secundários e, assim tornaria o livro mais atrativo e empolgante. O clima, ambiente, os personagens e a atmosfera do livro no geral me remeteram a Mentirosos, outro livro que também fiquei sem saber se foi bom ou não. Só para deixar claro se você já leu: não tem nada a ver com o gran finale de Mentirosos, apenas essas coisas que falei, ok? Então se você gostou, acredito que Temporada de Acidentes também te agrade.

"Acho que minha família toda é assim: evitamos falar das coisas sobre as quais não podemos falar e cobrimos cada superfície para nos proteger do momento inevitável em que tudo virá à tona."

Uma coisa que "estraga" minhas leituras desse tipo é sempre a expectativa. Acontece que: um dia, li A lista do nunca e foi uma leitura muito intensa, alucinante e tensa, e sempre pego um livro do mesmo estilo esperando ter a mesma reação - ou algo próximo. Eu quero conspirar, desconfiar, caçar pistas, ficar com medo de ir à cozinha, essas coisas, mas infelizmente, essa sensação não me acompanhou nesta leitura. E ainda sigo na busca.