ATENÇÃO: SPOILERS DE A ESCOLHA
Um dos livros mais aguardados do ano, essa é a continuação do final "felizes para sempre" de America e Maxon. Só que não é tão feliz assim...
Eadlyn é a sucessora do trono de Illéa. Filha de Maxon e America, a moça já precisa saber administrar muita coisa muito jovem, e tem o peso sobre os ombros de ter que ser tão boa quanto os pais. A fama e a competência de seus pais são uma sombra para qualquer lugar que ela vá.
Entretanto, por mais que tudo pareça estar indo a mil maravilhas, as castas dissolvidas e aparentemente tudo nos eixos, protestos e revoltas vindos de uma parte da população fazem com que a família real se desestabilize. Maxon precisa urgentemente de um atrativo para distrair o povo, a fim de conseguir pensar em soluções eficazes para a população. Assim, em conjunto com os pais, Eadlyn decide que a hora é boa para se iniciar uma Seleção e para que ela própria pense em algo relacionado a casamento - mas com algumas modificações e regras próprias na competição.
O que dizer desse livro? Eu não sei se consigo ser totalmente honesto porque ainda me resta um resquício de lembrança de como A Seleção foi e eu me sinto muito responsável por qualquer coisa malvada que eu vá dizer aqui. Mas realmente, não tem como apontar inúmeras falhas nesse novo livro da série. Espero que ninguém se ofenda com o que vou escrever aqui.
Já começo dizendo que essa série foi pensada como uma trilogia, e isso já explica muita coisa. Esse livro é quase que anexo, quase que inicia uma segunda série, já que vai mostrar a vida da terceira geração de Schreaves. Kiera Cass não tinha qualquer planejamento de lançá-lo antes, e isso já mostra que existiam problemas acontecendo desde o final de A Escolha. Eu juro que tento pensar que não, mas parece sim que Cass está continuando a série só porque é conveniente pra ela e para a editora. Pra ser bem sincero, desde o final de A Escolha e do conto A Rainha venho vendo problemas sérios na série.
O que me dá a impressão é que Cass tenta, a todo custo, criar uma história com profundidade, mas ela simplesmente se afoga e tenta se debater no meio de tantas coisas criadas, sem conseguir achar uma solução para tudo. Foi assim em A Seleção: no fim, tudo foi resolvido de uma maneira absolutamente nada a ver, Kiera deu um destino muito preguiçoso para todos os personagens que não eram convenientes e criou um final bastante abaixo do que eu esperava. Além disso, ignorou todas as revoltas e todo o pano de funo - genial, diga-se de passagem - que ela vinha criando desde então. Kiera Cass tem ideias fantásticas, mas não consegue amarrá-las todas juntas e dar uma conclusão para todas. Isso é um ponto muito problemático dos livros.
Entretanto, neste livro, Kiera parte para uma proposta mais simples: o livro tem um tom bem mais despretensioso e mostra muito menos cenários políticos do que A Seleção mostrava. Grande parte do meu descontentamento com este livro vem daí: quer dizer que Illea se reduziu apenas a dias felizes e uma parte do povo meio revoltada? Onde está a profundidade política de Illéa que se apresentava em A Seleção? Eadlyn parece ser uma boa administradora, mas não parece saber lidar com todo o cenário que Maxon lidava em A Seleção. E a pergunta que não quer calar: eu estava esperando demais de um livro que não tem essa proposta? Provavelmente sim. Eu não queria superestimar o livro, mas pedir que ele tivesse um pouco mais de intrigas políticas não é muito, é? Sinceramente, depois de muito considerar, não consigo pensar em nenhum ponto que me fez gostar do livro.
A protagonista, Eadlyn, é extremamente mimada e irritante. Ela tem falas bizarríssimas que beiram a ofensa (ela chega realmente a ofender uma criada) porque se considera muito mais valiosa e "soberana" do que as outras pessoas - nem preciso dizer que esse tipo de gente já me irrita na vida real, imagine só em livro. Acho muito problemático que Kiera Cass passe essa imagem da futura rainha, protagonista do livro, algo que todos buscarão uma identificação, para os fãs (tão novos, diga-se de passagem) da série. Os caras (babacões) que participam d'A Seleção são sem-graças, não fazem nada de interessante. Eles são super mal retratados, a autora explora muito pouco a característica de cada um e parece que o ponto principal nem são os garotos. Eles passam o livro inteiro sendo uns pé no saco com todo o mimimi de querer a atenção da princesa de jeitos aleatórios (desculpem inclusive o erro de concordância, realmente não tinha expressão melhor pra denominá-los).
Fiquei bastante espantado com a colocação de uma Política do Pão e Circo no livro vinda de Maxon e America. Nunca imaginei que Maxon fosse ser, algum dia, a favor de entreter o povo para que não percebesse as agruras que passa. America me surpreendeu por não ser a voz destoante que sempre foi, mas inclusive propor que os desejos da filha fossem anulados pelo bem da Política do Pão e Circo. Além disso, outros pontos bizarros pra mim incluíam o fato de Marlee morar no palácio e Aspen também.
O livro, por fim, parece uma repetição de um modelo criado por Kiera. Parece uma receita de bolo. A estrutura do livro está inteira ali: a mesma estrutura desde A Seleção. No meio do livro alguns acontecimentos, problemas, uma preparação para um final avassalador e BAM!, cliffhanger. Não preciso dizer o quanto fiquei cansado quando cheguei ao final do livro e percebi que estava caindo mais uma vez em um final em que tudo acontece e que deveria te deixar com uma vontade maluca de ler o próximo. Acontece que dessa vez não funcionou: só consegui achar o final bizarro (sério, gente, o que foi esse final nada a ver?) e não sei bem como Kiera vai fazer pra solucionar o grande ponto do final do livro. Foi um grande dramalhão mexicano, sem um sentido completo. Eu, sinceramente, não entendi qual foi o grande ponto do final. Eu só... não sei mais o que pensar.
Pra não ser totalmente injusto, uma cena aqui ou ali faziam o livro valer um pouco a pena (mas quase todas elas tinham a ver com o futuro de outros personagens da série, uma covardia). Isso, entretanto, não é nada comparável ao tanto de desgosto que o final do livro me trouxe e propôs.
Me decepcionei bastante. Acabo pensando que Kiera poderia muito bem ter feito de A Seleção um livro único - e terminado por lá. Não existe mais história para ser contada, e insistir em uma coisa que não deu certo pode acabar com a carreira de alguém.
A Herdeira - Kiera Cass
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7 Comentários
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Oi Renato!
ResponderExcluirObrigada pela resenha sincera!
Li a trilogia da Seleção, mas com meus 30 anos, não foi nada de mais p mim. E estava pensando se ia ler esse, só por curiosidade, afinal li todos antes. E vc me poupou dessa leitura. OBRIGADA!
aBRAÇO
Oi Renato!
ResponderExcluirObrigada pela resenha sincera!
Li a trilogia da Seleção, mas com meus 30 anos, não foi nada de mais p mim. E estava pensando se ia ler esse, só por curiosidade, afinal li todos antes. E vc me poupou dessa leitura. OBRIGADA!
aBRAÇO
poxa foi uma das primeiras resenhas negativas que li, confesso que ainda não li os livros anteriores, mas ao que me parece é uma boa história
ResponderExcluirhttp://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Suas resenhas: <3
ResponderExcluirQue triste Renato, mas creio que estes problemas relatados se deve mesmo ao fato de querer esticar uma história que já acabou.
ResponderExcluirBjs, Rose.
Falou e disse, concordo com todos os pontos.. Principalmente o final. "Como assim acabou?". O livro inteiro poderia ter sido mais rico.
ResponderExcluirFalou e disse, concordo com todos os pontos.. Principalmente o final. "Como assim acabou?". O livro inteiro poderia ter sido mais rico.
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