Estou perdida. É isso que falo para todo mundo que me pergunta verdadeiramente como estou. Claro que não saio despejando isso em cima de todo mundo, mas às vezes escapa como um grito de socorro. O que essas pessoas podem fazer por mim? Não faço a menor ideia, aliás, nem tenho esperança de que haja uma solução em resposta, mas eu ainda tento verbalizar para que algumas pessoas saibam que essa não sou eu de verdade, como um pedido de desculpas, uma justificativa por estar assim tão... perdida? Tenho um lar, uma família, um emprego, mas não me encontro mais. Neste momento, inclusive, já me vem o pensamento "tá vendo, você tem tudo e ainda vai escrever textão?", lá vem eu mesma me sabotar de novo e é justamente isso que me trouxe até aqui: não consigo olhar para mim com carinho, com acolhimento, com paciência. Mas vim escrever, parei um tempo para só falar de mim, não é mesmo? Estou decidida a me encontrar. E quando você esquece de alguma coisa, o que faz? Volta para onde estava, onde você viu ou pensou naquilo pela última vez e tenta lembrar. Aqui estou, no meu blog, depois de anos, tal qual a protagonista de Depois dos Quinze (filme e série, já viram?), onde eu me encontrava, onde eu me sentia realizada, falando sobre coisas que eu gosto, um tempo só meu conversando com outras pessoas que gostavam da mesma coisa, às vezes falando sozinha, mas me sentindo útil dentro de um nicho. Eu já estive nesse lugar escuro, falei sobre isso num dos últimos textos aqui, mas aquela publicação era justamente quando eu tinha saído dele. Eu tão observadora, atenta a padrões, buscando sempre uma lógica nas coisas, percebi cada passo que me trouxe de volta, eu vi que estava caindo no buraco de novo, mas só isso que me deu vantagem dessa vez: eu tinha consciência de onde estava indo, mas me sentia inerte, como uma paralisia do sono, sem reação e eu só conseguia ir mais pra baixo, nunca subir. Eu achava que estava ruim, mas entrava numa espiral que me levava mais fundo. Descobri que o fundo do poço tem subsolo.
Eu tive uma filha, ela é perfeita e me ajudou a me manter aqui, junto com o agora adolescente Gustavo (sim, adolescente!). Uma âncora necessária na vida. Agora, ela tem três anos, um pouco menos dependente de mim, anda, fala, vai pra escola, come sozinha, nem fralda usa mais. Aí sobrou um tempinho para eu olhar no espelho (figurativo, dentro de mim, mas serve o literal também) e fiquei desesperada. Isso aconteceu tem tempo, um pouco mais de um ano, e, sim, todo esse tempo estou nessa espiral de ansiedade, frustração, desespero entre tantos outros sentimentos, só que estou cansada de ser assim, estou com saudades de mim, estou com saudades de ser a melhor mãe para os meus filhos, a melhor amiga para todos os meus amigos, a melhor filha para os meus pais, a melhor tia para o meu sobrinho... enfim, a melhor eu para o mundo. E, não, não é para eles, é para mim. Eu sou do tipo que quando eu aprendo uma coisa, eu viro especialista naquilo, como disse, observo padrões, faço conexões, e quando estou bem, sou a melhor pessoa em estar bem - comigo e reflito isso com todos.
Apesar de estar falando que estou perdida aqui, para quem quer que leia isso, não se trata de um pedido de socorro mais. Agora é um registro de onde estou saindo. Voltei para onde estava, vou me lembrar para onde eu ia e vou conseguir voltar à superfície. Eu sei que vou.
Ah, sim, os livros... Ainda leio, acredita? E quero tanto voltar a falar deles, isso é uma das coisas que também vou reencontrar: minha voz. No momento, não consigo desenvolver duas frases completas e coerentes sobre o que gosto ou não gosto, consigo até ouvir o erro da tela azul do Windows na minha cabeça quando tento desenvolver alguma coisa, mas vem aí (por favor, eu amo falar de livros, então, universo, faz acontecer!).
Uma observação: eu escrevi esse texto todo de uma vez sem revisão, porque o notebook está disparando um número qualquer e não quero correr o risco de perder a coragem de postar, então aqui está exatamente o que passou na minha cabeça, sem filtro e correção. Com o tempo, provavelmente arrumo esse problema no teclado e arrumo as ideias também.
Amiga, quanto de mim há no seu texto, inclusive li saudosa das nossas conversas no mundo real. A única coisa que tenho pra te dizer depois de um texto tão intenso é que fico feliz que você tenha encontrado o caminho pra ser sua própria inspiração.
ResponderExcluirO fundo do poço tem subsolo e passagens secretas que nunca deveríamos precisar descobrir.
Te amo
Fernanda
Há um bom tempo venho pensando em você, em vários momentos do dia... Estou com saudades! ❤️
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