A geografia de nós dois - Jennifer E. Smith

"Lucy mora no vigésimo quarto andar. Owen, no subsolo... E é a meio caminho que ambos se encontram - presos em um elevador, entre dois pisos de um prédio de luxo em Nova York. A cidade está às escuras graças a um blecaute. E entre sorvetes derretidos, caos no trânsito, estrelas e confissões, eles descobrem muitas coisas em comum. Mas logo a geografia os separa. E somos convidados a refletir... Onde mora o amor? E pode esse sentimento resistir à distância? Em A Geografia de Nós Dois, Jennifer E. Smith cria tramas cheias de experiências, filosofia e verdade." Sinopse retirada do Skoob.

Jennifer E. Smith ficou conhecida com seu romance fofinho, de nome enorme e para ler em um dia A probabilidade estatística do amor à primeira vista. Logo depois, veio Ser feliz é assim, um romance um pouco mais elaborado e extenso. Já li os dois e gostei, então quando vi A geografia de nós dois, a mão chega tremeu para comprar, mas consegui segurar um pouquinho até que eu realmente pudesse lê-lo. Aí eu acabei encontrando basicamente a mesma coisa do primeiro livro, tirando o nome enorme.

É quase impossível não fazer uma comparação com o A probabilidade..., já que eles possuem uma estrutura de enredo muito parecida - dois adolescentes de conhecem numa situação inusitada, sem os pais, ambos vêm enfrentando problemas/mudanças familiares, cada um tem um destino e uma situação a encarar, e, ao invés do tempo limitado, temos o espaço amplo demais (ou seja, trocam-se horas por quilômetros). Não conseguiria escolher o favorito dentre os dois, acho que quem gostou muito de um, vai adorar o outro, assim como aconteceu comigo, mas em menor escala. Acho os livros bons, bonitinhos, para passar o tempo, mas só.

Mas não existe começo que seja totalmente novo. Toda novidade chega no encalço de algo velho, e todo início vem à custa de um fim.

Apesar do romance iminente, a autora aborda certos dramas familiares, coisas que os personagens estão vivendo e são determinantes para seu futuro. Os pais de Lucy são muito ausentes e ela não faz uma queixa clara disso, mas gera incômodo no leitor - veja bem, eles estão em outro continente enquanto a filha de 16 anos está sozinha em Nova York. Seria um sonho adolescente? Talvez, mas não para Lucy, uma garota que gosta das coisas simples e não é de rebeldia. Ela também tem irmãos gêmeos que, apesar de serem muito importantes para ela, não estão presentes, pois foram fazer faculdade em outro estado. Ou seja, a garota está abandonada, mas finge costume, sabe? Já Owen está sofrendo duplamente: a morte da mãe e o luto do seu pai. Consigo imaginar uma imagem muito clara do Patrick, pai dele, e foi o que me deixou mais triste na história. Ele está perdido sem a mulher, mas ainda tem o filho adolescente que não deveria ser afetado pela sua falta de rumo, mas, inevitavelmente, é. 

Adorei a forma realista que Jennifer conduziu o romance, não houve uma idealização dos protagonistas, nem da situação vivida por eles. Há uma sincronia mesmo quando eles se encontram beeeeem distantes, há certos códigos cheios de significados - uma frase, um objeto. O livro é todo narrado em terceira pessoa, mas há uma alternância de foco, ora em Lucy, ora em Owen. Isso ampliou a visão do leitor, que pode conferir os rumos que cada um toma quando separados. Se você é de ficar marcando quotes, pode separar as tags que tem umas coisas bem lindinhas.  

Às vezes tinha a impressão de que sua vida inteira era um exercício de espera; não exatamente para ir embora, mas para ir, simples assim. Sentia-se um daqueles peixes que tinham o potencial de crescer de maneira inimaginável, bastava o tanque ser grande o bastante. Mas seu tanque sempre fora pequeno demais e, por mais que amasse sua casa - por mais que amasse a família -, sempre se sentira batendo a cabeça nos limites da própria vida.

Enfim, o livro não é surpreendente nem profundo, com certeza eu gostaria de ler a mesma história com um final mais preciso, um drama mais trabalhado e resolvido, entre outras coisas, mas tudo é na medida para as poucas páginas e para o público jovem. Uma leitura despretensiosa, mas fofa, para intercalar com leituras mais densas.   
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