Nós somos peças num tabuleiro, dr. March, e alguns de nós são mais poderosos do que outros. Você. Eu. Mae. Somos nós que os deuses querem.
Em busca de explorar novos horizontes – e um novo
público –, a diva Richelle Mead resolveu apostar suas fichas no gênero
policial, mas não desviando-se do sobrenatural. Seu novo trabalho, O Tabuleiro
dos Deuses, aborda temas polêmicos como miscigenação racial e diversidade
religiosa que, por sua vez, geraram (e ainda geram) conflitos sangrentos entre
os homens através dos séculos. Baseando-se nesses dados, sua trama se
desenvolve a partir da dizimação de países inteiros pelo vírus Mefistófeles, originando
assim a RANU – República da América do Norte Unida (que é a junção dos EUA e
Canadá) e a AO – Aliança Ocidental.
O objetivo desses governos é fazer com que, através
da variação genética (cruzamento de diferentes povos, etnias, etc.), os
cidadãos da RANU possam carregar em seus DNAs apenas genes fortes e dominantes,
tornando-os mais resistentes a doenças e eliminar as possibilidades de haverem
distúrbios genéticos (tais como: má formação fetal, síndromes, cânceres e
etc.). O outro lado da moeda consiste na eliminação das religiões, fator
primordial da causa do Declínio, pois os responsáveis pela disseminação do
vírus foram extremistas religiosos e estes, por sua vez, passaram a ser
eliminados pela RANU. Porém, alguns resistentes fundaram seitas e outros ainda
lutam pela liberdade religiosa. Os poucos templos existentes são monitorados
por Servidores do governo e estes prestam conta de cada banco, estátua, vaso ou
qualquer que seja o bem adquirido pelo local. Normalmente os deuses cultuados
são pagãos e não possuem sequer cem seguidores. Por isso ainda são permitidos.
Os protagonistas são Mae e Justin. Ela é uma
Pretoriana, um tipo de supersoldado que possui um implante capaz de transformá-la
numa máquina mortífera, liberando neurotransmissores que a fazem ter reflexos
incríveis, além de apurar absurdamente seus sentidos. Outro detalhe do implante
é que ele não a permite dormir, permitindo-a realizar seu trabalho,
literalmente, 24 horas por dia. Justin é um Servidor, que é encarregado do
governo para lidar com as crendices da população e investigar as fraudes e
falcatruas cometidas pelos mesmos. A trama inicia-se com Mae indo ao Panamá
atrás de Justin, que foi exilado da RANU após fracassar numa missão (a qual só
descobrimos após muuuuitas páginas) e que está sendo recrutado novamente para
desvendar uma série de assassinatos misteriosos de caráter ritualístico e
fenômenos sobrenaturais que o governo julga ser obra de algum louco/fanático
religioso.
Mae é uma guerreira, centrada e que na maioria das
vezes aparenta mais um iceberg do que um ser humano. Justin é um conquistador
cheio de charme e que tem o dom de ler as pessoas, o que o torna tão bom no que
faz, por isso o governo mandou buscá-lo. Ela, sem saber que Justin é aquele que
fora buscar e ele, sem saber que Mae é uma Pretoriana, acabam se envolvendo
antes de descobrirem que trabalharão na mesma missão. Obviamente a tensão entre
eles se ergue, tal como a muralha da China. Mae é uma aristocrata, uma mulher
criada em casta, nórdica e de sangue puro e com um passado cheio de segredos.
Justin é um plebeu de sangue miscigenado e apenas um Servidor. Assim, o enredo
se desenvolve entre a luta de ambos contra seus sentimentos e o enfrentamento
de inimigos misteriosos e perigosos, cheios de poderes desconhecidos.
Bem, Mae é uma personagem muito forte, mas ao mesmo
tempo em que assusta, encanta. Ela tem seus conflitos internos e nos mostra que
apesar de ser letal e da carapuça espessa e fria que precisa usar, ela tem um
coração bondoso e é capaz de amar. Richelle deu uma personalidade incrível a
ela e geralmente personagens femininas desse naipe me conquistam de primeira.
Passei o livro inteiro imaginando Mae como a Milla Jovovich de loiro platinado.
Hahahaha Justin poderia ser definido como um conquistador barato, rato de bar
(existe isso?), que adora substâncias proibidas e cigarro. O odiaria o livro
inteiro. MAS ainda bem que ele prova que merece um voto de confiança e acaba me
ganhando também. Há ainda a jovem Tessa, uma panamenha que Justin leva consigo
para a RANU para que tenha a oportunidade de obter bons estudos e uma carreira.
Val e Dag, Pretorianos amigos de Mae e com quem temos vários momentos de “Mae é
humana e tem sentimentos” e algumas outras personagens que não julguei serem
tão primordiais para citar na resenha.
Foi bastante difícil dar uma classificação a este
livro, pois nossa relação foi de Amor&Ódio. Amei os personagens, as forças
sobrenaturais que impulsionavam Mae, os corvos que assombravam a mente de
Justin (que devo dizer que tinham comentários sarcásticos e hilários), toda
essa loucura de informações governamentais, religiosas, científicas e o ar
investigativo. O grau de comprometimento da autora foi impecável, não deixando
lacunas, fatos sempre embasados e interligados e uma química palpável entre os
mocinhos. E essa capa maravilhosa? Confesso que tenho “QUEDONAS” por capas. Eu
sei, eu sei... Não me julguem.
Em contrapartida, apesar dos vários elogios que ainda
posso tecer à obra, sentia que não saia do lugar. Um capítulo parecia uma
eternidade, não tinha fluidez e a sensação era de já estar na metade/fim do
livro. A leitura foi agradável? Sim e Não. Difícil dizer. A verdade é que demorei
alguns dias para finalizá-la, embora tivesse uma vontade imensa de saber o que
vinha a seguir. Sabem o que é ter 16 marcadores em apenas 30 páginas? Pois é.
Não que fossem de quotes, mas precisava assinalar cada informação para formular
uma resenha que não fosse enorme e cansativa e, ao mesmo tempo, resumir o
conteúdo (de 30... 30 páginas, imaginem o que ainda tem nas outras 390) sem
deixar nada de fora e sem dar qualquer spoiler. O que me rendeu boas horas em
frente ao computador (e ainda assim não ficando satisfeita com o que escrevi –
tsc, tsc).
Para quem só conhece a Mead pela série Academia de
Vampiros, vai sentir bastante diferença no tom e linguajar das personagens
(nada chocante se você já leu algum livro da série da Georgina Kincaid),
principalmente por terem uma faixa etária bem mais velha que os queridos Rose,
Dimitri, Lisa, Christian e Adrian (esqueci alguém?). Recomendo a leitura para
fãs de mistério, para quem busca novos ares, para quem deseja se livrar de uma
ressaca literária e, claro, para os tietes da diva Richelle. Boa leitura e
tomem cuidado porque suas mentes não estão seguras e os deuses estão de olho em
vocês. Muáááááá...
A verdade é que, quando você expulsa os deuses do mundo, eles acabam voltando, com força total. Os humanos não conseguem se manter longe dos deuses e os deuses não conseguem se manter longe dos humanos. É a ordem natural das coisas. Nosso povo evitou os deuses por tempo demais e, agora, o divino está tentando voltar. É a fé que dá poder aos deuses e eles estão escolhendo seus eleitos.
não é o tipo de leitura que me atrai à primeira vista
ResponderExcluirhttp://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Ai meu Deus, eu fiquei ba-ban-do com a sua resenha. *.*
ResponderExcluirMuito boa mesmo, meus parabéns!!!! =D
Eu só tive oportunidade de ler as primeiras 24 páginas de livro (foi só o que achei na net em português rs) e já fiquei super curiosa querendo mais. Já tinha percebido o quanto a Mae é super Badass ...e agora com a sua resenha então, Deus, eu necessito desse livro!!!
Essa leitura com certeza é pra mim, pois, sou super fã de mistério e também tiete da diva Richelle!!! \o/
Bjs!
Camilinha.
Eu não entendo oque são estes corvos, será que são pássaros (que inclusive são as únicas criaturas com este nome que eu conheço) ou será que são seres sobrenaturais??? Eu to muito curiosa com isso, mais amei sua resenha! ♥u♥
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