Trilogia Silo - Hugh Howey

Eu conheci a trilogia Silo durante a Turnê Intrínseca que teve no meu estado, Espírito Santo. Lembro que naquela época, em torno de 2013, havia um boom de distopias e eu gostava de lê-las . Algumas eram muito mais do mesmo: jovens improváveis lutando contra o sistema que lançava suas garras sobre suas vidas.

Trilogia Silo, Hugh Howey

Mas de vez em quando, um autor aparecia e conseguia me surpreender de forma tão grande que eu não consiguia me contentar em falar pouco sobre o que eu senti e gostei durante a leitura.
Este é o caso de Silo.

O que é o silo? 

O silo de Hugh Howey, autor best-seller da Amazon, é uma estrutura subterrânea de 144 andares, dividido em várias seções como a Mecânica. Nos níveis mais baixos, ela cuida da manutenção de tudo o que faz o lugar funcionar. A TI, por sua vez, como devem imaginar, cuida da Tecnologia de Informação. O alimento é plantado em fazendas hidropônicas e a lei se faz cumprida através de delegacia e de um xerife. Para ter um filho, é preciso esperar que alguém morra e ser sorteado na loteria. No futuro, o mundo que conhecemos está devastado e tóxico e a única visão que os habitantes do silo tem provém de câmeras instaladas em seu exterior. Mesmo após centenas de anos, essa imagem somente é visível porque pessoas condenadas são enviadas para fora a fim de limpar as lentes das câmeras antes de sucumbirem à morte como vários outros antes delas.

Por que as pessoas, mesmo sabendo que estão condenadas à morte, limpam as lentes dos sensores que mostram o devastado mundo exterior quando saem do silo?

Silo, livro um

No primeiro livro, acompanhamos a jornada de Juliette, uma mecânica, convidada a ocupar uma vaga importante aberta nos níveis superiores. Após um acordo entre Jahns e Marnes, atual prefeita do silo e o delegado, um atentado desencadeia uma sucessão de acontecimentos que mostrarão algumas verdades e facetas escondidas sob a terra.

Silo é aquele livro que a história começa bem e só vai melhorando. Somos surpreendidos a todo instante e quando achamos que não seremos mais, Hugh lança uma nova informação ou narra um novo acontecimento que nos faz querer chegar logo ao final.

Ordem, livro dois

Para quem gosta de um bom romance regado a intrigas políticas, Ordem é um prato cheio. Logo no começo é possível ver o terreno que Hugh Howey prepara para conduzir o leitor ao longo do livro.

É o ano de 2049, e tudo o que o deputado Donald Keene quer é fazer a diferença. Recém eleito, ele deixou para trás sua carreira de arquiteto para se dedicar integralmente à política. O que ele não esperava é que o senador Thurman, quando o chama para uma conversa ultra secreta, recrutaria dele seus conhecimentos acadêmicos para a elaboração do maior plano que o mundo jamais viu. Donald é recrutado para elaborar o projeto de um prédio subterrâneo cilíndrico, com vários níveis, para o caso de alguma catástrofe ocorrer e as pessoas poderem sobreviver. No entanto, aquele projeto inicial começa a passar por várias mudanças e Donald se vê envolvido em algo além do que poderia imaginar.

Deu para entender que Ordem narra os acontecimentos anteriores à história do primeiro livro, certo? Mas diferentemente de Silo, Ordem também alterna o presente e o futuro. Isso acaba gerando um excesso de informação que pode deixar os leitores confusos em alguns momentos. Eu fiquei um pouco. No entanto, Hugh vai revelando facetas dos personagens que a gente não imagina, fazendo com que redescobrimos as histórias de cada um deles. E, então, começamos entender os motivos que levaram as pessoas a serem colocadas sob a terra.

Legado, livro três

É complicado falar de Legado sem revelar algumas coisas que aconteceram nos outros livros. Portanto, se você ainda não leu Silo e Ordem ou se importa com spoilers, pule para a conclusão. Ou siga lendo por conta e risco.



Legado retoma o ritmo de suspense crescente que temos no primeiro livro. Juliette tem em mãos a grande responsabilidade de tomar conta de um silo e cumprir uma promessa feita. Após sua experiência externa, algumas pessoas começam a duvidar de suas escolhas e ações, o que pode desencadear uma revolução. Enquanto ela tenta passar um dia de cada vez e convencer seu povo do que acredita, em outro silo Charlotte e Donald tentam desvendar o máximo que podem sobre os planos do senador Thurman e sobre o que houve com o mundo lá fora antes que seja tarde demais.

Legado me deixou bem satisfeito. Algumas das ideias que eu pensava sobre o final da trilogia se concretizaram em parte. Houve um ou outro momento que achei pouco necessário ser narrado, porque, estando ali ou não, o enredo não sofreria a interferência deles.

Concluindo

Juliette entra naquele hall de personagens femininas fortes e cativantes. Ela é bem durona, porque ela precisa ser assim para se impor em meio aos homens com quem trabalha na Mecânica. Mas não se enganem pensando que ela é uma mocinha; Juliette é uma mulher de mais de trinta anos, com uma carga emocional intensa.

Hugh criou nesses três livros uma história recheada de personagens marcantes e ideias arriscadas que poderiam não funcionar muito bem se ele não soubesse prender o leitor com uma narrativa instigante e convincente. Ele cria empatia no leitor, até mesmo um certo carinho pelos personagens. Ele me fez gostar de vários apenas para vê-los morrendo poucas páginas depois.

(...) Sabe o que eu digo aos recém-eleitos? Que a verdade virá à tona, ela sempre vem, mas virá mistura com um monte de mentiras.

Fico feliz de ter concluído mais uma trilogia. E sempre acontece quando eu termino, fica a pergunta: o que será que aconteceu depois? Assim como o autor mesmo sugere numa nota ao final, o leitor pode imaginar o futuro como bem quiser. Pois é aí que reside a "mágica" na literatura.

Post por Tiago, do instagram TiLivrando.

P.S. Aqui no blog já tivemos uma semana especial Silo, para ver todos os posts, clique aqui.
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