(...) O barulho estava na sua lista de pecados dos escravos, que nós sabíamos de cor. Número um: roubar. Dois: desobedecer. Três: preguiça. Quatro: barulho. Um escravo deveria ser como o espirito santo: não se vê, não ouve, mas está sempre por perto, a postos. A sinhá ralhou com Tomfry, disse que fizessem silêncio, uma dama não precisa saber de onde vem seu bacon. Quando ouvimos isso, eu disse para a Tia-irmã que a sinhá não sabia por qual lado seu bacon entrava e por qual lado ele saía. A Tia-irmã me deu um tapa tão grande que eu fui parar no dia anterior.
Em A Invenção das Asas acompanhamos a jornada de
Sarah e Hetty, ao longo de 35 anos. Sarah Grimké é ruiva, com sardas e fala
gaguejando de vez em quando. Pertence a uma família aristocrata da alta sociedade
de Charleston e sonha em ser advogada. Porém, apesar de suas visitas furtivas a
biblioteca de seu pai e escrever cartas de alforria para os escravos, vivia
numa época em que as mulheres não tinham educação escolar (aprendiam a ler e
escrever, mas sem frequentar escolas). No dia em que completa 11 anos, Sarah
ganha uma escrava de dez anos que se tornará sua dama de companhia, a jovem
Hetty Encrenca Grimké. Ela nunca conheceu seu pai e, sua mãe, que trabalha como
costureira para a família sofre nas mãos da mãe de Sarah.
Sue, por meio de uma narrativa tocante, fluída,
irônica e, com pequenas doses de humor, nos cativa logo nas primeiras páginas.
Divididos em seis partes e com diferentes variações de tempo, crescemos e
amadurecemos com ambas as garotas que viviam na mesma casa, mas que tinham
realidades muito diferentes. No decorrer da história, vemos Sarah encontrar, em
meio a uma sociedade completamente machista, uma chance de mudar o mundo ao
abraçar a causa abolicionista e tornar-se uma das pioneiras na luta pela
igualdade das mulheres e dos negros. Tal como Sarah, Encrenca também enfrenta
grandes desafios, perdas e, nos momentos mais difíceis, encontra forças para
descobrir seu talento e sua coragem. Mesmo tendo Hetty como nome de berço, sua
mãe batizou-lhe de Encrenca porque nasceu antes da hora e o mesmo acabou sendo
muito conveniente para “justificar” as travessuras da pequena escrava.
Bem, este livro é daqueles que após terminarmos de
ler, guardamos com muito carinho e passamos algumas horas refletindo sobre as
lições que aprendemos com ele. É emocionante, verdadeiro e humano. Faz-nos rir
e chorar. Impossível não sentir empatia com a luta que as personagens
enfrentam, com a superação e o anseio pela liberdade. Se hoje nós achamos que
as mulheres ainda sofrem com a repressão, imaginem naquela época, onde os
conceitos de classe social eram derivados da aristocracia inglesa rural. E pior
ainda se você fosse uma escrava. A Invenção das Asas é um grande livro, cheio
de detalhes e, apesar e nos fazer “viver” os dois lados da moeda, as
experiências são bem comuns: a metamorfose que ambas sofrem no decorrer dos
anos, a separação da família, da religião e da terra natal, a solidão... E
dentre tantas outras.
A maior surpresa deve-se ao fato de que a autora inspirou-se
na verdadeira Grimké, reunindo diversas informações biográficas e eventos
históricos significativos como, por exemplo, Sarah ter sido a primeira mulher
nos EUA a escrever um manifesto feminista. Assim como a autora, o livro nos faz
concluir que muitas conquistas femininas foram apagadas da história, afinal, quem
sabe sobre a existência dela? Eu não sabia, mas seu desejo revolucionário
contribuiu para sermos/estarmos aqui hoje. Sim, porque quantas leitoras aqui (brancas,
negras, pardas... whatever) cursam/cursaram uma faculdade, têm emprego e
são/serão donas do próprio nariz? Ou temos a liberdade de nos vestir com as
cores da bandeira e sair nas ruas gritando “O Gigante Acordou”. Quem diria,
hum? Graças as grandes heroínas de
ontem, de hoje e de sempre.
Leiam, leiam, leiam. Este livro é lindo.
Muito Bom ! Com certeza eu vou ler.
ResponderExcluira escravidão também é um tema que me atrai bastante
ResponderExcluirhttp://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Nossa, amo esse tipo de livro.
ResponderExcluirJá coloquei na minha lista.
Bjks.
Nossa eu não esperava tanto do livro, engraçado como livros que 'realmente' tenham um conteúdo importante não é feito uma grande divulgação em cima dele.. Amei a historia e agora quero le lo, acho legal quando uma escritora se inspira em fatos reais, e com um tema importante,
ResponderExcluirbeijos.
Quando eu ver esse livro barato vou comprar para dar de presenta à minha mãe, que é professora de história, negra e feminista. Vai se identificar e adorar esse livro.
ResponderExcluirA história parece ser muito boa, abordando sentimentos diversos, total realista sobre temas bem sérios, que muitas vezes não pensamos a respeito.
Parece ser um livro muito emocionante.Abordando um tema tão triste da história!
ResponderExcluirAchei interessante e já entrando na minha lista de desejados. :)
Oi Sabrina, eu ganhei este livro, mas ainda não tive tempo de ler. Achei interessante no enredo, e este seu final muito empolgante.
ResponderExcluirBjs, Rose.
Olá!
ResponderExcluirEsse livro parece ser super emocionante de ler, com uma história tão bonita dessas!
Estou doida pra lê-lo já!
Adorei a resenha!
Beijos
http://addictionforbooks.blogspot.com