3 livros do Paulo Coelho que você pode gostar

Tá, eu sei que Paulo Coelho não é o autor mais queridinho dos jovens e jovens adultos, mas grande parte do discurso "não gosto" vem de pessoas que nunca leram um livro dele. Acho mais do que normal termos nossos preconceitos literários, por mais negativo que isso seja - nós temos mesmo esta coisa de torcer o nariz para o desconhecido, mas não podemos realmente afirmar que é ruim, afinal não provamos/comprovamos. Ok, se você já leu e realmente não gostou, pode sair espalhando que você não gostou (por favor, opte por usar argumentos, eles dão mais créditos à sua opinião). Mas para quem nunca leu e tem certa resistência, vou falar de três livros dele que eu li e gostei (vou contar uma historinha também). Estes não são livros favoritos da vida, mas são livros que gostei do autor e me marcaram, cada um à sua maneira.

Antes de eu trabalhar, ter meu dinheiro e ter livrarias no caminho da empresa, eu lia o que os meus pais tinham em casa. Nunca fui à biblioteca da minha cidade fazer um empréstimo (eu só ia para fazer pesquisas, sdds) e me contentava com a pequena estante deles. Minha mãe lia alguns livros da Zíbia Gasparetto (provavelmente sua mãe também) e meu pai comprou a coleção do Paulo Coelho. Como eu não conseguia ler os livros da primeira (não sei, não conseguia passar da primeira página), tive que ir para a segunda (e última) opção. O primeiro livro que li dele foi O Alquimista (assunto para outro post) e que a mãe de uma amiga me emprestou. Aí sim fui para a coleção daqui de casa. Li cinco livros dele e acho que foi suficiente para saber o que gosto e o que não gosto de Paulo Coelho. 

Onze Minutos

Este, sem dúvidas, é um dos meus preferidos. Ele conta a história de Maria, uma jovem moradora de uma pequena e pacata cidade que sonha conhecer o Rio de Janeiro e viver algo diferente que sua cidade natal não pode proporcionar. É quando, de férias na Cidade Maravilhosa, ela recebe uma proposta de um suíço para ser dançarina na Europa. Os gringos gostam de samba. Ela aceita a oferta e acaba virando uma prostituta. Maria, apesar de querer sempre algo grandioso para sua vida, acaba deixando ser levada pelas situações e sua rotina. Faz o que tem que ser feito. Não toma nenhuma atitude radical. Não busca o amor, tampouco acredita nele como algo agregador. Claro que esta viagem e o ingresso numa vida totalmente diferente traz muitas descobertas para ela. Gosto do livro pela maturidade, a forma como a mulher é disposta, como as descrições dos cenários são ricos o suficiente para construir todo o ambiente em minha cabeça e, claro, como o amor pode transformar. O livro tem um quê erótico - muito bem colocado, afinal é um livro adulto e sobre uma prostituta - e não é, em momento algum, vulgar e chulo. Tudo parece enriquecer ainda mais a história de Maria (e seus textos nos finais dos capítulos são ótimos!).

Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei

Ah, e como chorei! Apesar da história simples (e clichê) deste livro de título enorme, Na Margem me emocionou e me tocou de uma forma que sorrio ao escrever sobre ele. Este livro me traz boas lembranças e lembro, inclusive, do meu pai falando "Eu também já li esse livro e gostei muito" ao me ver chorando com ele em mãos. Isso teve um grande significado porque, apesar de ter alguns livros e me apoiar neste vício, nunca tinha ouvido meu pai falar sobre qualquer leitura e eu nunca o vi lendo (livros). Aqui é narrada a história de Pilar que tem uma vida normal e acomodada, mas que vê tudo mudar ao receber um convite do melhor amigo para uma palestra. Ele é agora seminarista e esse encontro coloca à prova as convicções de ambos, pois ela era apaixonada por ele quando mais nova e hoje ele está no caminho do celibato. Este livro é lindo! Fala de amor, renúncias e fé. Destes três livros de gosto do Paul Rabbit, este é o que mais tem questões espirituais, mas nada comparado aos outros (os que não curti), este fala de uma forma mais natural, inserido no contexto da protagonista de forma coerente e secundária.

Veronika Decide Morrer

Este livro é - na escala dos que mais gostei - o último colocado, mas me surpreendeu e, depois de um tempo da leitura, me vi pensando na história e como eu vivi junto da Veronika toda sua rotina na clínica. O enredo, assim como os demais, é simples e direto: a protagonista tenta se matar, mas acaba acordando em uma clínica psiquiátrica e descobre que agora - de fato - deixará de viver. E é aí que ela se dá conta de quão preciosa é a vida - mesmo aparentando ser bem orgulhosa e alheia ao diagnóstico. Acho que pela ambientação - a clínica -, quando li Férias da Marian Keys (pfvr, totalmente diferente desse), eu lembrei de algumas coisas sobre Veronika e o quanto eu fiquei tensa com o desenvolvimento do livro. Eu realmente não sabia o que esperar e fui muito surpreendida com o final! Digamos que foi um amor à segunda vista, já que só com o tempo fui tendo noção do quanto tinha gostado desta história.

O que esses livros têm em comum?

São romances ficcionais a partir do ponto de vista feminino da protagonista (mesmo narrados em terceira pessoa). É o mais próximo dos romances que normalmente leio, não só no enredo, mas também na estrutura. Eles têm profundidade para um romance adulto, mas não traz elementos espirituais (profundos) de alguns outros livros do autor. E descobri que é isso que não gosto nos outros livros dele: quando ele traz histórias com este foco, seja ficção ou sua própria jornada, mesmo que todos os livros tenham traços reflexivos sobre o assunto, mas é uma opinião totalmente pessoal (ok, tudo aqui é opinião pessoal, I know). Então é isso, quem sabe vocês não se surpreendam lendo alguma coisa do autor também? Basta achar "o livro certo".