Aos setenta anos de idade, uma mulher já cansada, volta à cidade que havia deixado dez anos atrás e em meio às ruínas de sua velha casa, relembra sua vida. Quando tinha onze anos seu coração foi partido de tal maneira que fez com que decidisse nunca mais se apaixonar. Porém vê seu mundo virar de cabeça pra baixo quando se muda para o Rio de Janeiro. Lá conforme os anos vão transcorrendo, em meio a uma adolescência um pouco conturbada, ela passa a viver relacionamentos vazios. No entanto, sem que tivesse percebido se envolvia cada vez mais com quem jamais pensou. Ela não sabia até quando resistiria a uma paixão que a arrastava cada vez mais fundo dentro de si. E quem era aquele homem que ela sonhava desde criança? Ele seria real ou apenas um sonho sem sentido?
Ao ler a primeira página, já fui tomada pelas sensações que Ana Lúcia, então com 70 anos, estava sentindo. Ela estava de volta à sua cidade natal, Esperança, e foi tomada pelas lembranças que o lugar proporcionava. Lembranças que a levaram de volta aos seus 11 anos, quando era ainda uma menina.
Apesar da insistência da mãe para usar vestidos, saias, andar com as meninas da idade dela, Ana sempre foi mais próxima dos meninos, com quem vivia jogando bola e era melhor que muitos neste esporte. Seus melhores amigos eram Rafa e Fábio, mas além deles, havia uma turma bem grande, como Zeca, João... Tinha uma vida muito tranquila na cidade igualmente calma em que nasceu - passava suas tardes na cachoeira depois de jogar bola, pulava a sacada do seu quarto de madrugada para encontrar Rafa e voltava antes do Sol nascer. Ela era uma menina bem ativa e "sapeca".
Após sua mãe receber uma proposta para voltar a trabalhar como modelo para uma agência no Rio de Janeiro, ela se vê obrigada a se despedir da cidade que tanto amava e que abrigava tantas lembranças de sua infância. Esta mudança agiu de diferentes formas na família: Ana se tornou uma pessoa diferente, amadurecendo aos poucos, conhecendo outras pessoas, mas ainda assim, sentindo muita falta do interior. Sua mãe e seu pai trabalhavam normalmente e seu irmão estava na faculdade, então, pouco ia para o Rio.
Após uma tragédia, Ana resolve fugir para Esperança, mas logo sua mãe também volta, já que não tem mais sentido ficar na "cidade grande". Ana então termina seus estudos e vai morar no Rio, desta vez por vontade própria, para fazer faculdade. A partir daí, a vida dela dá uma "guinada" e o livro toma outro rumo - como se a história principal começasse aí.
Em Flor de Laranjeira acompanhamos toda a vida de Ana - suas brincadeiras, seu primeiro beijo, a descoberta do amor, as decepções, as grandes perdas, a mudança de cidade, amadurecimento, seus momentos memoráveis.
Ler sobre a vida da Ana Lúcia, narrada em primeira pessoa, suas fases, seus amigos e suas amigas é delicioso. Como eu disse, desde o início, já fui envolvida pelas suas sensações. Quando me dei conta que estava a algumas páginas do final, as lágrimas começaram a escorrer pelo simples fato de não querer me despedir da vida dela. A narrativa é tão rica em detalhes (principalmente na primeira metade), que nos tornamos íntimas, acompanhamos seu sofrimento, suas alegrias.
Apesar de vermos todas as mudanças da protagonista, o início, narrando sua infância, foi tão marcante, que muitas vezes eu estava lendo algo de quando ela já estava com 32 anos, mas eu ainda a enxergava com 12. Esta sensação também aconteceu sobre a passagem de tempo (época) no livro. Primeiro, ao vê-la com 70 anos voltando aos seus 11 anos, já imaginei 60 anos atrás do que vivemos hoje, mas me deparei com a internet, com iPod. A todo momento que era citada alguma coisa "tecnológica demais", eu manualmente tentava a colocar nos tempos de hoje. 50 anos depois, ela falou de MSN e fiquei assim o_O - não sei, não imagino uma criança usando, daqui a 50 anos, o MSN
O livro me deixou com sorriso no rosto, me trouxe lembranças de quando eu era criança e em outros momentos, arrancou meu coração, me fazendo chorar muito. Valeu muito a pena conhecer a vida criada pela Gabriela e Ana, sua família, seus amigos e Esperança, me farão muita falta, eu sei...
Adorei a resenha, Ceile!
ResponderExcluirParece um livro bem legal, muito emocionante... não é bem o tipo de livro que costumo ler, mas acho que daria uma chance para o Flor de Laranjeira...
Aah, "deslizes tecnológicos" acontecem, desde que não atrapalhem na história, dá pra deixar passar! ;o)
Bjus!
Paty Algayer - http://www.magicaliteraria.com/
Ceile, que linda sua foto nova com seu filho!!! =) Imagino que seja ele, pelo menos... rs
ResponderExcluirAgora voltemos à postagem... hehe... Eu nunca tinha ouvido falar do livro, mas amei a sua resenha e fiquei morrendo de vontade de conhecer a história. Adoro quando um livro mexe comigo, e acredito que esse faria isso!!
Beijo!
Ju
entrepalcoselivros.blogspot.com.br
Oi,@Paty! Os deslizes não atrapalham mesmo, é mais uma questão de revisão que pode ser arrumada. Eu ficava o tempo todo "lembrando" que ela deveria estar numa época a frente, estas coisas.
ResponderExcluirEu, @Ju! Sim, é meu baby! rsrsrs Obrigada!
Um beijo, meninas!
Adorei a resenha, um livro que eu não conhecia e
ResponderExcluirgostei muito.
Parabéns!!
Bjos,
Cida
http://www.moonlightbooks.net/
Não conhecia esse livro,mas parece ser ótimo.
ResponderExcluirMuito emocionante , fiquei com vontade de ler.
Parabéns.
Beijos :D
Oiii!
ResponderExcluirAinda não conhecia este livro, e a capa (lindíssima) já me chamou a atenção logo de cara!
Bom saber que temos mais uma boa história para enriquecer nossa literatura :D
Beijos!
Samanta Holtz
autora de O Pássaro
Nunca tinha ouvido falar deste livro. Que lindo =[
ResponderExcluirme deu vontade de ler poxa. E que capa linda.
Gostei da história, mas não é muito a "minha praia". Se algum dia tiver a oportunidade de ler, lerei.
ResponderExcluir@_Dom_Dom
Me lembrou bastante o livro Os Catadores de Concha, da Rosamund Pilcher, que alterna o presente e o passado de Penélope. Parece ser uma leitura bem gostosa, mas meio paradinha pro que eu estou afim de ler no momento.
ResponderExcluirNão é o tipo de livro que costumo ler ms sua resenha me animou *-* Amo suas resenhas, parabéns pelo blog
ResponderExcluirAmei a resenha, que linda a história.
ResponderExcluirQuando se fala de uma infância distante, mexe tanto conosco.
Ceile,
ResponderExcluirAmei a resenha que você fez do meu livro e só pude ver agora e ficou ótima. Fico feliz que tenha gostado do livro e obrigada. Infelizmente eu fiquei meio desligada quanto as tecnologias e a minha editora não é das melhores (o que estou a procura de um melhor, mas não é fácil assim). Quanto a isso, estou ajeitando para outra tiragem e só para deixar mais claro...é como se ela fosse da geração que nasceu no início dos anos 90.